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Impactada pela felicidade

Silvia Ribeiro

Me sinto impactada pela felicidade.

É um disse me disse que não se define, mas que supomos ser factual. Me lembra essas comadres intrigueiras que saem espalhando “causos” por aí. Nos dias de hoje eu diria- fake news.

Um estado de espírito que nos absorve incrivelmente com intromissão, e em alguns casos com submissão.Tipo, cheguei e quero ver quem manda!

Costumeiramente algum louco sai de casa e patentia a fórmula da felicidade, como se fosse uma divindade em pleno exercício dos seus dons, por diversas vezes causando uma arguição que não se comporta diante do nosso bom e velho cérebro.

É um pipocar de milagreiros e sabichões, gênios e doutores, peritos e fedelhos, coaches e oportunistas, simpatizantes e pitaqueiros. E pra realçar ainda mais esses títulos contamos com os insuperáveis influencers.

Com a praticidade do mundo moderno um amplo painel se abre sem que seja necessário fragmentos de experiência ou um esboço de confiabilidade. E a medida que nos dirigimos pra essa aventura de uma forma mais sistemática encontramos várias rubricas sem legitimidade.

A nossa maior missão é acordar todos os dias e perguntar: Será que foi dessa vez?

No entanto, o que me chama mais a atenção são os fatores que podem incitar essa aparição.

Vai de um motivo todo estruturado, com toldos pra garantir qualquer eventualidade climática, com flores de jasmim pra perfumar o ambiente, com espumante pra brindar, com banheira de hidromassagem pra relaxar, ou com uma excitante tarde de amor.

Pode ser que seja aquele “de repente” que muda todas as suas estações, se torna amigo(a) da sua cama, divide os seus talheres, e suborna o seu controle remoto. E quando você percebe tem micropartículas desse “de repente” por toda a sua vida.

E vai até a uma singela mensagem de estou com saudades, uma marca de batom no guardanapo, um dormir de conchinha, uma guerra de pipoca, uma cabaninha debaixo do edredom, ou somente uma história boba pra fazer rir.

O fato é que damos voltas e mais voltas pra conhecer a fisionomia desse dilema chamado felicidade, e não chegamos à lugar nenhum. Investimos alto e temos a sensação que as nossas emoções estão à beira da falência, e que o nosso coração está fadado à um destino implacável.Tudo porque em alguns casos a  “bela senhora felicidade” esqueceu o horário do trem e se atrasou, ou então se adiantou demais.

Ficamos no meio desse jogo de empurra empurra, desse desenho animado de gato e rato, e dessa mágica que a qualquer instante  pode sair de dentro da cartola. E de concreto não temos nada. Nem dia, nem hora, nem imagem.

Chegamos até a admitir que o melhor mesmo é não pensar muito sobre isso, e que pretender alcançar esse estado emocional é coisa de idealizadores que querem mudar o mundo.

De poetas com as suas excentricidades, de devotos com as suas crenças, de românticos com as suas dores de cotovelo, de crianças com as suas utopias, e de inventores com as suas miragens.

Felicidade- é coisa de gente que transforma a vida num algodão doce. E depois come!

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