Taís Civitarese

Ontem realizei um sonho: reunir todos os irmãos de minha mãe. Tios e tias que fizeram parte da minha vida na infância, moldaram meu caráter e transmitiram seus valores em uma fase tão importante, a de formação. Isso só poderia acontecer no Natal.

Não consigo descrever a emoção que senti ao vê-los juntos. Aquela família de seis irmãos que estabeleceu minha base – e a de minha irmã e primos – na vida.

O mais velho deles, o tio Flávio, já foi para o outro plano e estava aqui representado por sua esposa e suas filhas. Tio Flávio era um gênio de muitas sabedorias. Era inventor, leitor, físico e um pacífico revolucionário. A segunda mais velha é a minha mãe, cuja força e amor são inversamente proporcionais à sua compleição física. Pequena em tamanho e enorme em afeto. Depois vem a tia Ciça, médica de todos até hoje e que me inspirou a ser pediatra. Depois, tia Deda, generosa, querida e responsável pelo entretenimento infantil em minhas férias da infância. Em seguida, a Tia Lauria, com seu sorrisão e simpatia que medem um quilômetro e alegram qualquer companhia que se achegue. E o caçula é o ti Bui, divertido, carinhoso e inteligente, que já morou conosco e cuidou de mim e da minha irmã quando éramos crianças.

Por muitos anos não foi possível esse encontro. Cada um deles morava em uma cidade diferente. Sempre passávamos Natais descompassados entre as casas das famílias dos cônjuges, os compromissos de trabalho ou mesmo a pura e simples distância.

Ontem estavam todos aqui em minha casa e ainda não consigo acreditar nesse momento. Muitos de nós não nos víamos há tantos anos e parece que nos vimos ontem. Como isso é possível?

A resposta logo recai sobre uma exímia costureira que alinhavou firmemente, com as mãos, esse laço de afeto entre nós. Alguém que está lá na terceira margem do rio ao lado do meu tio Flávio e que, ao mesmo tempo, ainda se faz sentir aqui: a vó Mariinha. Foi ela com sua sabedoria e doçura que sempre fez prevalecer o amor na nossa família. Mesmo com filosofias, gostos e cores preferidas diferentes… “Família de gente bonita e inteligente”, ela adorava falar, rsrs…

Vieram primas, tios, contaram-se muitos causos e demos risadas iguais às que se ouviam na casa dela, mil anos atrás. Reciclamos a alma e o coração se encheu de amor e de gratidão.

Foi Natal e foi também Ano Novo!

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