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Você é decoração de Natal ou é o Natal?

Sandra Belchiolina
sandra@arteyvida.com.br

Nas vésperas do Natal, uma pergunta me assombra: vou usar vermelho no Natal? Pode parecer estranho esse meu questionamento, mas não é. O fato é que, nos últimos anos, famílias inteiras se apresentam nas redes sociais vestindo vermelho e/ou verde nessa data – as cores do Natal. É um fenômeno relativamente recente no Brasil, e confesso que não gosto dessa submissão às cores. Contudo, gosto do vermelho, e deixar de usá-lo também seria abrir mão de uma cor que aprecio.

Convivemos com pequenos e grandes embates na vida. Algo que parece insignificante, muitas vezes não o é, pois revela muito sobre as pessoas. O mesmo podemos dizer dos aparentes monstros imbatíveis e gigantescos, que se tornam pequenos como um grão de areia quando encaramos a vida com ação. Lembrei-me de Lacan agora: “quando pensamos com os pés”. Se o pensamento surge do inconsciente, não temos controle sobre ele. Meu embate com as cores e seus usos, portanto, continuou e acabou virando escrita…

Não temos preconceito com o uso do branco no réveillon ou em diversas manifestações de paz onde ele aparece. É algo que transcende culturas, sendo quase universal e ancestral. Já o verde e vermelho no Natal brasileiro não têm essa universalidade. Porém, o branco no réveillon não é regra geral para todas as culturas. Lembro-me de uma vez em que estava viajando pelo Peru e passei a virada do ano em Cusco. Para minha surpresa – estava desinformada –, a cor utilizada para celebrar é o amarelo. Ele está presente nas roupas, flores e decorações. O mais curioso e encantador: come-se 12 uvas à meia-noite, e os peruanos correm ao redor da Praça de Armas agradecendo o ano que termina e fazendo pedidos para o que está por vir. Algumas pessoas levam objetos que simbolizam seus desejos também.

Enfim, compartilho com vocês esse pequeno fluxo de pensamento que me ocorreu neste final de 2024. Não é por acaso que essas ideias surgem; tenho refletido sobre o tempo, o nosso tempo como viventes. Quanto mais ele passa, mais concluo que não há tempo para ser babaca (resgatando esse termo que, convenhamos, é bom de pronunciar). Euzinha, sendo babaca ou não, tenho certeza de uma coisa: enfeite de Natal não serei! Desejo que a cor vermelha viva livre para que possamos usá-la no Natal ou em qualquer outro momento que desejarmos.

Menos uniformes, por gentileza, pessoal! Melhor é ser e viver o Natal com toda a sua simbologia.
MAIS SINGULARIDADES, SEMPRE!

Desejo que usem e abusem das cores que amam e sejam felizes. Boas festas!!!
Que venha 2025 com muito amor e paz para todos nós!

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