Silvia Ribeiro

O que se pode dizer de modernidade…

Vivemos uma incansável busca por alguém que nos complete, a bendita metade da laranja. Carne e unha, alma gêmea… Aquelas coisas.

E parecemos indigentes quando se trata de uma reciprocidade que vá de encontro aos nossos anseios. Um modelo de relação sem grandes milagres e que não peça afortunados esforços.

Vejo algumas narrativas sobre relacionamentos amorosos, familiares sociais e afins. E é inacreditável a repetição de ações, que me faz pensar em cópias e mais cópias de rostos espalhados por aí, bombando nas lojinhas de xerox.

Acho que andaram matando a individualidade e não me convidaram para o enterro.Tudo muito igual e beirando à uma total falta de criatividade. 

Nas relações amorosas por exemplo, o começo é sempre o mesmo- agrados, gentilezas, e elogios. O meio já muda um pouquinho- uma reclamação aqui e ali, uma falta de atenção básica, e umas chatices corriqueiras.

E o fim? Esse é triunfal! Com direito a clonagem, modus operandi, réplicas, e tudo mais.

Um arsenal produzido com as mesmas cores, com as mesmas intenções, e com as mesmas futilidades. Desanimador, eu diria.

Os meus sentimentos são a minha casa, e não o puxadinho de alguém e Deus me livre de tudo aquilo que vier sem personalidade e insosso. E que as figurinhas repetidas passem longe, por favor!

O que será que aconteceu?

Dizem que são outros tempos e que precisamos adptar os nossos cérebros, colocar uma máscara no rosto e achar tudo lindo. Rabiscar os nossos valores e pagar de moderninhos(as).

E quando tentamos uma aproximação direta com esse “novo mundo”, damos de cara com a tal da Internet. E por lá consumimos invenções maçantes, bolas da vez, expert de conteúdo, competição de curtidas e de quem choca mais.Tudo baseado em tolices invasivas e medíocres.

Tudo bem que isso é apenas um simples viés do lado B da coisa, e que o moderno é incrível em vários momentos das nossas vidas. E digo isso em causa própria.

Ainda assim…

Ficou com o meu coração retrô- e deliciosamente anos 70.

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