As lagartas estão vivas
E caminham sobre os memoriais de coisas do tempo
Sobre os fragmentos de permanência
Ontem havia alguém ali
Os pés pisam o chão de palha úmida
Os percursos são muros de veludo
Não há atalhos
Os pingos da chuva e do choro
Molham as folhas do coração
As samambaias carmim
As parreirais multicor
As árvores de ouriço
A pureza do ar que me invade
Revelada no escarlate do liquen
O silêncio me encontra antes que eu o procure
E eu fico pelo caminho
Entre as rendas das flores cor-de-rosa
Me perco nos labirintos do pensamento
Você não crê?
Por que caminha?
Pelas promessas não feitas?
Por Deus? Pela natureza?
Pelo time de futebol?
Pela Palestina?
Esqueço os pés molhados
A fadiga, o fuso horário
E continuo
Filigranas do sagrado
Todo caminho tem um propósito
Todo propósito encontra seu caminho
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