Categories: Sandra Belchiolina

Sons, silêncios, reticências…

Sandra Belchiolina

Gosto das meias palavras ou de poucas palavras,
Das reticências que dão margem à imaginação,
Dos silêncios falantes,
Das falas da natureza.

Dos sons que nos invadem de poesia,
A chuva que cai, cai, cai…
O rio que corre, corre, corre…
O vento que sopra, sopra, sopra…

Do suspiro que diz…
Do ritmo do coração emocionado,
Das gargalhadas que dobram de prazer,
Dos gemidos misteriosos…

O pássaro piou,
O livro folheou,
A cobra rastejou,
A vida aconteceu.

O suspiro se fez,
O som ecoou,
O riso dobrou,
Passarinho cantou com voz de primavera.

A vida se renovou,
A pele da cobra ficou
Na areia, e o grão
A formiga levou.
A vida entoou
O silêncio do mistério
Que o rio levou
Mar adentro, e ali ficou.

Do rio, eu rio,
Do nado, eu nada.
De lá para cá,
A vida se faz.

*
Imagem: Referência a mitologia nórdica. Deus da poesia e das artes.

Blogueiro

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  • É tão verdadeiro e profundo que me senti leve, como se estivesse caminhando na trilha e voltei em mim !
    Com o som de uma buzina me alertando que estou atravessando a avenida.

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