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Explicação pra tudo

Silvia Ribeiro

Eu nunca vou assimilar porque precisamos tanto de explicações pra todos os momentos das nossas vidas.

Procuramos bulas, fórmulas mágicas, curso disso e daquilo, pra puramente desanuviar os desavisados pontos de interrogação que nunca vão se dissipar.

Parece chavão, mas se envolvemos com alguém amorosamente planejamos saber toda a existência da pessoa em apenas alguns minutos. Ficamos naquela posição de não sei se dou ou desço, e tentamos agarrar um fiapinho de claridade pra privilegiar essa decisão.

Do nada, despontam aquelas imbecis preferências se encostando no nosso cérebro e achando que realmente podem opinar, e a única coisa que sabemos é que elas não merecem sequer uma consulta com o nosso terapeuta.

Divergimos entre- altura, cabelo, pele, música, lugares, bebidas, e algumas esquisitices. Pasmem, até o número do calçado conta.

Até que a vida nos ensina…

Enjeitamos todas essas ferramentas que pra nada servem e fingimos que estamos ocupados com outras coisas. Nos interessamos pelo lado avesso desse “ser” que acabou de mudar os critérios das nossas preferências, e nem lembramos do que a gente dizia que era o nosso objeto de desejo.

Enlouquecemos com aquele sorrisinho foda que vai desequilibrando a nossa libido, com aquela explosão que sai de dentro da camisa e que produz uma felicidade fatal, com aquele cheiro que vai chegando aos poucos e muda todas as nossas verdades.

E no mais, com aquele sexo maluco sem começo, sem meio e sem fim, desses que a gente não pode esperar e acontece nas escadas, na pia da cozinha, ou no meio da sala. E por que não dentro de um carro de luxo?

Nessa altura achamos melhor deixar pra depois aquelas respostas que vivem numa casinha azul e com florzinha na janela.Todas bonitinhas e bem ensaiadas, meio bobas e sem sal como a cantora Sandy.

E ao invés de viver apenas emoções “feijão com arroz”, nada contra a combinação, tiramos o pó das nossas fantasias. As vezes precisamos de surpresas que nos faça surtar de tesão sem achar que somos sacanas por isso.

Então nos desmontamos inteira e vamos ser felizes nas gotas de um suor erotizado, ou na mansidão do peito de quem a gente ama. E não há nada mais gostoso.

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