Entre belezas e monstros

Taís Civitarese

A gente tira férias do trabalho, da rotina, do cotidiano. 

Mas não conseguimos tirar férias de nós mesmos. 

Fui para um lugar lindo. 

E levei para lá todos os meus tormentos. 

Nem precisei de mais espaço na mala. 

Eles se infiltraram em qualquer brecha encontrada. 

Era ver um jardim e ter um pensamento. 

Provar uma comida nova e lembrar de um questionamento.

Fazer um passeio, sentir uma angústia. 

Assim segui por vinte dias lutando contra fantasmas 

Enquanto visitava templos, museus e via coisas lindas.

Comprei alguns amuletos de proteção, 

mas não ajudaram muito.

Ah se aquelas fotos da viagem pudessem captar meu estado de espírito. 

Estariam diferentes. 

Ao invés de ensolaradas, sombrias.

Confusas. Tremidas. 

Fazia 36 graus e em mim fazia chuva e, às vezes, furacões. 

 

Só havia um jeito de silenciar os monstros.

Era através da leitura.

Mais precisamente, da literatura.

Era trocar os monstros que são meus

Pelos dos personagens de uma história.

Assim, eu ficava leve.

Assim, minha mente descansou e tirei férias.

De óculos, com um livro, sentada em qualquer lugar.

 

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