A maioria dos medalhistas olímpicos, recordistas ou mesmo os mais bem colocados apresentam um fator comum. A quase totalidade deles tomou contato com o esporte na infância, no início de sua interação com o ambiente e as pessoas, eclodindo assim eventuais talentos. E ainda que no futuro, em relação ao desporto, estivessem colocados na plateia e não nos palcos esportivos, a qualidade de vida, para quem teve a oportunidade de interagir com outras crianças nas brincadeiras, tende a ser muito melhor.
Por outro lado, frequentemente as crianças com deficiências, mormente motoras, ficam à margem das brincadeiras, ou por excesso de proteção ou por negligência dos responsáveis.
Cuidar de uma pessoa, especialmente criança, com deficiência, exige um esforço muito grande e, claro, renúncia a muitas outras atividades laborais ou recreativas. Todo esse desprendimento exige dispêndio financeiro e uma porção imensa de amor envolvido.
É possível, e recomendável, desenvolver atividades, brincadeiras e interações com aqueles que apresentam alguma deficiência. Isso permite desenvolvimento o mais saudável possível, dentro das limitações físicas e/ou intelectuais que se apresentem. Imaginem o atraso científico nas teorias disponibilizada pelo tetraplégico Stephen Hawking, como a da cosmologia envolvendo teoria geral da relatividade e da mecânica quântica. Quanto a música seria mais pobre sem estrelas como Ray Charles, Andrea Bocelli, Steve Wonder, Kátia, Nelson Ned e outros.
Para muito além disso, promover adaptações e adequações aos espaços físicos, públicos e privados, bem como aos produtos de uso pessoal como talheres acessíveis, roupas e calçados inteligentes, mobiliário funcional, equipamentos que atendam às pessoas com restrições de toda ordem.
Quando uma grande montadora de veículos se instalou próximo a Belo Horizonte/MG, um dos seus principais dirigentes, em entrevista inaugural, tratou da questão dos veículos especiais que produziriam para atender às pessoas com deficiência. Em sua fala, marcou bastante o segmento PcD quando disse que “a deficiência mais notável é a dos próprios veículos que não atendem a todos de maneira democrática”. Ainda que tenha sido uma jogada de marketing, com o intuito de demonstrar uma visão humana sobre uma questão que envolve tanto o coração quanto o intelecto, foi importante demais para ser relegada ao esquecimento.
Já tratamos, em artigo recente, da diferença entre as Olimpíadas e as Paraolimpíadas, com números. Sem qualquer demérito aos magníficos atletas olímpicos brasileiros e apenas a título de comparação, os paratletas trouxeram 373 medalhas contra 170 olímpicas. O Brasil participa das olimpíadas desde 1920, 104 anos; das paraolimpíadas, a metade, desde 1972, 52 anos. Os patrocínios de um representam apenas 25% dos outros; o tempo de tv de um é apenas 10% do tempo de outro. Os números são impessoais, portanto, não mentem. E os jogos de 2024, começam dia 28/08. Serão ainda mais medalhas.
Há uma esperança, no entanto. As Havaianas, famosa marca de sandálias vem patrocinando atletas paraolímpicos desde 2020. Notícia da Folha de Londrina, da quinta-feira, 15/08/2024, destaca: “Havaianas lança chinelo inclusivo para Pessoas com Deficiência”. Foi muito gratificante ver esse título estampado. Afinal, quem sabe (?), estejamos sendo reconhecidos.
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Excelente lembrança. Infelizmente, a grande mídia ainda não compreendeu o extraordinário significado das para-olimpíadas .
Exatamente. Tanto no aspecto humanitário como no comercial.
Obrigado pela observação.
Sao dados importantes, pertinentes.
Incrível como suas palavras trazem uma reflexão de quanto estamos atrasados em relação aos PcD's.
Quando você cita mudanças e algum reconhecimento, que com certeza são importantes e merecem crédito, ainda é muito pouco. Vamos acreditar que é a largada para uma grande conquista!
Parabéns Mário Sérgio, você é uma inspiração!