Ser mulher neste mundo nunca foi fácil, mas pelo que tenho visto, está cada dia mais complicado. Para além da tentativa incessante de retirada de direitos básicos da nossa existência e sobrevivência, a padronização do que seja a tal “mulher de bem” configura-se como ameaça à liberdade de ser e estar do chamado sexo frágil.
Por motivos de curiosidade, acompanho diversos pastores evangélicos nas redes sociais. Todos respondem perguntas enviadas pelos fieis. Chama a minha atenção, de forma especial, como questões de foro íntimo e regidas absolutamente pelo bom senso são apresentadas para nesses espaços, sem qualquer pudor ou limite.
Até que ponto uma mulher precisa dessa ingerência externa em sua vida pessoal, sexual e familiar? Será que perderam o direito e a capacidade de decidir e de cuidar de suas vidas, sem a anuência de um homem, seja ele pai, marido ou pastor?
Sinto que estamos de volta à Inquisição, como as descendentes de Eva, a pecadora. Em função da salvação da alma e de um projeto de felicidade padronizado e, portanto, questionável e falível, muitas estão entregues a experiências nefastas de pura dominação de mentes e corpos.
O caminho de volta para quem se embrenhou – por obrigação ou por algum interesse – nesse trajeto que busca o passado como solução para os problemas do presente não será fácil. Casos de violência moral, física e sexual contra mulheres deixam sequelas para a vida toda. E haja terapia para elaborar tanto peso para a alma…
Quem não adere paga um preço alto. Que o diga a cantora Iza, que foi traída pelo companheiro durante a gravidez. Como é independente em todos os sentidos, foi a público para fazer o relato da sua desventura. Sem medo de ser feliz e do que virá amanhã, retirou-se de uma situação absolutamente incômoda e vexatória. Com certeza, ela entende que sem confiança e respeito, não existe relacionamento feliz de fato.
Iza decidiu o seu destino. Mas quantas hoje toleram coisas muito piores e não têm coragem de dar um pio sequer? Quantos casos similares são ocultados diariamente em nome da moral e da família? Até quando as mulheres vão se colocar na mão de homens a esse ponto? Fica a provocação.
Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Com a proximidade do Natal e festas de fim de ano, já…
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Daniela Piroli Cabral contato@danielapiroli.com.br Para toda memória, há o esquecimento Para toda visão, há a…