Na última semana questionei quem seria, na opinião de meus leitores, o Arnold Schwarzenegger brasileiro. Porém, esse marketing manjado de jogar perguntas pra galera visando causar engajamento infelizmente não funcionou comigo. Como ninguém me lê, ninguém me respondeu. (*)
Não tem problema.
Em minha democracia de um só voto, concedo o título de Schwarzenegger Brasileiro ao maior BR vivo do século 21: Alexandre Frota.
Aos patriotas discordantes, resta a possibilidade de acusar esse blog de fraude nas urnas eletrônicas (com provas tiradas do fiofó) e reclamar do Ésse-Tê-Éfe. Também é dado pela democracia o direito de fazer birra, abraçar caminhões em movimento e o consolo de lamber coturnos cantando o hino nacional na porta dos quartéis.
Comparando ambas carreiras e biografias, confesso que fiquei com dó de Schwarzenegger. Na real, Arnold é quem deveria ser considerado o Frota dos EUA, se não fôssemos tão vira latas aculturados e claudicantes com a arte nacional.
Se, a seu favor, Schwarzenegger coleciona grandes êxitos pessoais na sua carreira como fisiculturista, ator, político e ídolo de marombas, Frota é ainda maior.
Arnold possui 7 títulos do Mr Olympia, foi duas vezes eleito governador da Califórnia pelo Partido Republicano e coleciona seis acusações de “má conduta sexual”, expressão eufemista do jornalismo passa-panista americano. Atuou em blockbusters como Conan o Bárbaro, O Exterminador do Futuro, Comando Para Matar, Os Mercenários, Batman, Um Tira no Jardim de Infância dentre outros.
Parabéns, palmas para Schwarzenegger. Ele merece, ele merece.
Mas Arnold também merece críticas por ser um ator canastrão e caraplégico. Sua estática cara de tijolo de construção e seu carisma de pão de queijo com cãibra envergonham até mesmo Ricardo Macchi, com seu robotizado cigano Igor, na novela Explode Coração.
Já Alexandre Frota não possui nenhum título de Mr Olympia porque só malhava pra pegar mulher. O que é o certo.
E, se nunca foi eleito 7 vezes Mr Olympia como Arnold, fez um troco e se transformou em ícone gay, saindo paudurecente 7 vezes na revista G Magazine.
Frota também entrou para a política, sendo eleito deputado federal pelo PSL em 2018, apoiando o Debatedor do SuperPop, nosso Exterminador do Futuro verde & amarelo.
Pouco depois, Frota entendeu o óbvio ululante (algo que sua tia reaça espalhadora de fake news pelo zap ainda não conseguiu…) e pulou fora da barca fascista e furada do Colostomito.
Alexandre Frota é o maior ícone da teledramaturgia brasileira, ainda que não plenamente reconhecido. Tal como um Ronaldinho Gaúcho, Frota deu seus rolês aleatórios em várias emissoras, atuando em inúmeras novelas e programas nacionais de grande sucesso.
Depois de Mário Gomes, Frota foi o segundo ator de um seleto grupo a conseguir interpretar um dificílimo e onipresente personagem da TV Globo: o descamisado transudo do peito cabeludo.
O teste para esse papel de grande protagonismo era feito exclusivamente nas festas da casa de Wolf Maia, que jamais convidou Schwarzenegger para seu sofá. Sem Mário Gomes e Frota, certamente não existiriam Humberto Martins, Marcos Pasquim, Juliano Cazarré e o Tigrão dos Sucrilhos.
Ou por acaso alguém lembra de Schwarzenegger atuando em Roque Santeiro, Cambalacho, Top Model, Perigosas Peruas, Cara & Coroa e Malhação? Alguém já viu Arnold contar piadas para Carlos Alberto de Nóbrega no banco de A Praça é Nossa? E aprontar altas zuerinhas e confusões no Show do Tom?
Para Schwarzenegger, atuar ao lado de Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme, Danny DeVito e outras estrelas hollywoodianas é mais fácil que provar a ligação da família bolsonarenta com as milícias. Quero ver se Arnold aguentaria ficar meses trancado com subecelebridades surtadas na Casa dos Artistas, do SBT.
Frota aguentou o Supla cantando e falando português & inglês na mesma frase, ouviu Leandro Lehart pagodeando Agamamou Love Love Love Jou Jou, escutou calado Marco Mastronelli mentindo mais que o WhatsApp do Carluxo, visualizou Taiguara nadando de sunga branca, se excitou com Núbia Oliver fazendo topless na piscina e, por fim, suportou Alessandra Iscatena chorando sem razão, diariamente.
De quebra, ainda ganhou a simpatia de Silvio Santos, dono do baú e apresentador do programa.
Debater as carreiras cinematográficas é ainda pior para Arnold. Enquanto Schwarzenneger jamais atuou em filmes de pornochanchada, Frota fez o clássico Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez. Também já encenou ao lado do renomado humorista Tião Macalé, em Escorpião Escarlate e fez glu-glu yeah-yeah! em As Aventuras de Sérgio Mallandro.
Eu me recuso a analisar a carreira de Frota nos filmes adultos para não humilhar de vez o Schwarzenegger, que, aliás, nunca contracenou pelado com a Rita Cadillac, Regininha Poltergeist, Big Mac, Carlos Bazuca e Kid Bengala.
Vacilão e papo ruim demorado, Schwarzenegger pagou de Joselito sem Noção em seu documentário sobre o carnaval do Rio de Janeiro, e conseguiu a proeza de ficar no 0x0 com as mulatas do Sargenteli (vejam no YouTube) Enquanto isso, nessa mesma época, Frota talaricava ninguém menos que Jô Soares, e se casou com a maior musa brasileira dos anos 80, Cláudia Raia.
Na sétima arte Frotesca, até os títulos cinematográficos são mais originais e criativos que de Schwarzenegger: 00 Frota: O Homem da Pistola de Ouro, Invadindo a Retaguarda, Anal Total 10, Sexo, Suor e Samba, 11 Mulheres e Nenhum Segredo e A Boneca da Casa, filme em que, desconstruído, faz amor com a travesti Bianca Soares.
É meus amigos, o talento de Frota em cena é imenso, consegue entregar tudo de si nos filmes, com uma ereção duradoura, técnica e profissional.
O cinéfilo mais atento notou que nos filmes adultos algo não ia bem com o instrumento de trabalho de Frota. Seu picolé era napolitano, tinha três cores.
Na cabeça de seu Tablito estava tudo ok, vermelho morango. Já no meio, a coloração muda para creme, carecendo de circulação sanguínea. E, no fim, a tonalidade já era marrom chocolate, indicando uma incipiente necrose.
Para o bem do cinema nacional, Frota resolveu este problema em 2017 com uma prótese peniana.
Se fôssemos um país sério, o nome ALEXANDRE FROTA seria uma grife, um genuíno produto nacional tipo exportação.
Sua assinatura estaria em relevo nos chinelos Havaianas, seu shape de moreno carioca com seus músculos tatuados seriam tema da coleção summer 2025 da Osklen. Seria o garoto propaganda das caixas de Tadalafila e do Boston Medical Group. Frota, e não Chico Buarque, merecia verdadeiramente ser o tema principal do desfile de carnaval da Mangueira.
Frota já teve mais profissões que o Seu Madruga. Além de ator, já foi modelo, empresário, cantor de funk, humorista de stand-up, jogador de futebol americano pelo Corinthians, brigão de torcida organizada do Flamengo, diretor de TV e, assim como o hoje Inelegível, Frota também já foi um polêmico debatedor do SuperPop.
Mas, como a vida não é justa, aos 60 anos Frota é hoje apenas um pré-candidato a vereador pela cidade paulista de Cotia, filiado ao PDT, Partido Democrático Trabalhista.
Triste fim de carreira para o maior brasileiro vivo da atualidade: se unir ao ostracismo de Ciro Gomes.
Antes tivesse virado bailarina do Faustão.
(*) Dedico este texto a minha querida amiga e leitora assídua: Fernanda Pereira.
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Parabéns! Mais uma excelente e engraçada reflexão sobre o cotidiano.
Obrigado, Rafael.
De bobajada em bobajada a gente vai rindo pra não chorar.
Abraços!
Parabéns! Mais uma excelente reflexão sobre o cotidiano.