Andei preocupada nos últimos meses em busca de encontrar um ponto de equilíbrio no relacionamento com meu filho caçula. Sua personalidade forte por vezes se tornava bastante desafiadora (não sei a quem ele puxou…).
Eram embates frequentes para fazer o “Para Casa”, para desligar a TV, resistências aos horários estabelecidos na rotina da casa e uma postura “do contra” capaz de fazer cair o cabelo!
Estudei exaustivamente sobre treinamento de pais e educação positiva em busca de uma estratégia para nos entendermos melhor. Virei discípula do Kazdin, um “papa” de treinamento de pais americano, com suas técnicas e recursos cognitivos promissores. Ele promete moldar qualquer comportamento infantil seguindo seus passos. Apesar de certa resistência inicial a esse modelo, seu curso mostrou-se parcialmente efetivo. Mas não o suficiente. Os desafios persistiam…
Aí, aconteceu algo que modificou sistematicamente tudo: a visita do Cacá.
Cacá é um colega de turma do pequeno. Em um sábado, ele veio passar a tarde em casa. Brincaram, jogaram bola, conversaram, comeram chips.
No outro dia, a paz reinava por aqui. A autoconfiança infantil foi reestabelecida e, segundo o Kazdin, deve ter ocorrido também uma certa atuação dos neurônios-espelho, aqueles que nos levam a imitar e a aprender os comportamentos alheios por observação. Pensando mais poeticamente, é impressionante o efeito de uma amizade na vida. Além de companhia, ocitocina, alegria e motivação, ela oferece também um modelo de comportamento a ser replicado quase intuitivamente. E é mais poderosa do que qualquer condicionamento voluntário!
Na educação dos filhos, mais uma vez as soluções se mostram nem tanto à teoria, nem tanto à prática. Um pouco de ambos, uma dose de surpresa e os valores de sempre, imutáveis e preciosos.