Desde muito pequena ouvi dizer sobre a “paixão das mulheres por bolsas”.
A minha infância foi dominada pelo sexo forte. Onde reinava mãe, tias, avó, irmã, primas e agregadas.
Achava meio exagerado e não entendia muito todo aquele afã envolvendo o objeto, como se tratasse de uma mina de ouro.
Agarradas às suas preciosidades carregam o mundo dentro delas. Coisinhas de higiene pessoal, ou uma irrisória agulha para urgências. E outras esquisitices que saem do território do normal e vai para o dito absurdo.
Dando um merecido destaque para as fraldas, mamadeiras, medicamentos, brinquedos, e um arsenal de utilidades infantis.
Minha curiosidade era saber como cabia tantos trecos ali dentro.
Comecei a observar e vi que elas estavam em todos os cantos. Uma simplesinha no supermercado, nos bares, nos hospitais, e por aí vai.
Verdadeiras companhias para os momentos de rir e de chorar.
E sem contar aquelas elegantes e com assinatura de peso, deixando claro que aquele consumo fez tremer o cartão de crédito. Então é justo que se exiba com orgulho e cutuque aquela invejinha nas demais.
Já um pouco maiorzinha, uma tia muito querida (Maria) achou que eu já era gente grande e que já podia fazer parte desse time.
Era uma bolsinha de tecido jeans, com uma flor bordada e alças de madeira. Ela mesma havia feito, e isso mudava tudo.
Uma expressão de carinho que durante muito tempo carreguei de um lado para o outro, até que nos separamos fisicamente. Não me lembro como se deu essa ruptura.
Daquele dia em diante entendi que não era apenas um sonho de consumo que fazia a cabeça das mulheres. Ia muito além disso.
Hoje, eu vejo que elas têm o tamanho das nossas necessidades, que conhecem o peso dos nossos ombros, e que cabem nas nossas vidas sem precisar de um parentesco.
Na verdade, elas são tudo aquilo que a gente gostaria de ser.
E o melhor — nos faz sentir muito mais bonitas.
Por isso eu pergunto:
O que cabe dentro da sua bolsa?
Sandra Belchiolina sandra@arteyvida.com.br Voo, Voa, avua, Rasgando o céu, Voo no deslize. Voo, Avua, Rasgando…
Daniela Piroli Cabral contato@dnaielapiroli.com.br Hoje, dia 20 de Novembro, comemora-se mais um dia da Consciência…
Eduardo de Ávila Assistimos, com muita tristeza, à busca de visibilidade a qualquer preço. Através…
Silvia Ribeiro Nas minhas adultices sempre procurei desvendar o processo de "merecimento", e encontrei muitos…
Mário Sérgio Já era esperado. A chuvarada que cai foi prevista pelo serviço de meteorologia…
Rosangela Maluf Em pleno século XXI, somos continuamente bombardeados com novidades de toda espécie! Resumindo,…
View Comments
Na minha infância eu comparava a bolsa da minha mãe com o cinto de utilidades do Batman, porque dentro dela tinha sempre o que precisava no momento.
Hoje, também, os homens levam suas bolsas a tira -colo . Meu imaginário nunca levou-me a conhecer o "aconchego" destes acessórios, úteis e fáceis de levar.
Querida Silvia! Nossa! Você não sabe a recordação que me presenteou, minha mãe fabricava essas bolsas e vendia numa loja famosa do centro da cidade, Kalu era a loja. E um detalhe importante é que: quem fabricava as alças de madeira é esse seu primo emocionado pelo seu lindo texto. Obrigado!