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Reviravolta

Wander Aguiar

Em janeiro de 2017, navegando pela internet, recebi na hora do almoço um alerta de promoção de passagem para a Tailândia! Por incríveis R$600,00 e poucos conseguiríamos voar para Bangkok, ida e volta com taxa incluída. Não pensei duas vezes e, com as mãos trêmulas, comprei os bilhetes para mim e para os meus pais.

Durante a produção do roteiro, um fato já conhecido me chamou ainda mais a atenção: o sexo na Tailândia é uma questão natural e comum para aquele povo, não tem nada daquele tabu que é para nós, brasileiros, e atrás de toda e qualquer loja pode sim haver um estabelecimento voltado ao tema, seja um café, uma loja de roupas ou uma casa de massagem tradicional.

De lojas de sex shop a casas de entretenimento adulto, as cidades que visitamos estão lotadas desses empreendimentos, abertos muitas vezes durante as 24 horas do dia. E claro que, assim como quem vai a Amsterdã e visita o famoso Red Light District, ir a Bangkok e não visitar uma das “praças ou ruas do sexo” é a mesma coisa que não ter ido a Bangkok. Além disso, como nós três temos uma mente muito aberta, não deixaríamos de conhecer pelo menos uma.

Dessa forma, de surpresa, incluí isso no nosso roteiro e levei meus pais. Chegamos à praça e começamos a andar pelas frentes dos estabelecimentos, o que achei melhor do que levá-los a um dos famosos e tradicionais shows de pompoarismo, já que são meio perigosos e cheios de golpes.

Tudo estava indo muito bem até que meu pai me chamou, bastante nervoso, dizendo que iríamos embora naquele momento e, quando o indaguei sobre o motivo, ele soltou: “Wander, até então estava tudo tranquilo, mas isso eu não aceito. Prostituição infantil é demais, vamos embora AGORA.” Nesse momento, minha mãe teve a mesma reação e começamos a andar pela praça para voltar para a rua.

De repente, paramos e ele me mostrou o que seria o motivo de sua indignação. Por um momento, fiquei chocado assim como eles, até que o motivo se virou para nós e, numa gargalhada épica, percebemos que não se tratava de uma criança, mas sim de uma anã.

Nada contra prostitutas anãs, claro! Porém, a reviravolta da história nos fez não haver reação a não ser cair na gargalhada pela situação. Depois de tanto rir, finalmente conseguimos respirar e fomos tomar uma cerveja para continuar a rir daquela situação inusitada.

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