Vocês alguma vez já pararam para pensar sobre a diferença entre a doença física e a mental? Recentemente, eu fui convidada a fazer essa reflexão e me surpreendi. Novamente peço licença para fazer algumas simplificações, mas vamos à diante!
Ao longo dos anos, a doença física geralmente foi percebida como algo externo ao sujeito e que foge ao seu controle, que o acomete. Em alguns momentos, é vista como uma fatalidade, em outros, como uma punição, um castigo. Quando uma pessoa diz estar com câncer, a nossa tendência natural sempre foi nos comover com a sua circunstância e oferecer os nossos pêsames, as nossas orações, palavras de conforto, força.
Entretanto, de forma reducionista, quando o sujeito nos revela que teve um burnout, está com depressão, síndrome do pânico ou transtorno de ansiedade, há uma tendência de o colocarmos como responsável pelo que o acomete psiquicamente. O indivíduo é implicado na produção dos seus sintomas e, ao se tornar responsável por eles, algumas vezes falta empatia ou afeição daqueles que o cercam, da sociedade.
Há muito pouco tempo, eu era uma dessas pessoas pouco compreensivas. Mas, quando o nosso dia a dia é preenchido por responsabilidades, cobranças, pressa, prazos e metas, nos acostumamos com o constante estado de ansiedade e ignoramos ou subestimamos a crise. Quando nos inserimos neste cenário, mais uma coisa acontece: muitas vezes deixamos de viver verdadeiramente a conexão com o outro, não buscamos entender ou acolher as suas aflições e não expandimos o nosso olhar para o seu contexto, a sua história. Posso me atrever a dizer que nos tornamos co-responsáveis pelo seu adoecimento, uma vez que estamos todos conectados por uma rede? Ou seria longe demais e eu nem devo ousar colocar mais essa culpa sobre as suas costas?
Sobra culpa, né? Para todos os lados. Para quem viveu o burnout, a ansiedade, a depressão ou o pânico, sobra a culpa pelo estresse demasiado, pelas noites mal dormidas, pelos dias em que a ida à academia foi procrastinada e pela falta de equilíbrio entre o trabalho e a vida. Já para os outros que ainda não passaram pelo ápice dos sintomas ou pelo diagnóstico, também sobra a mesma culpa pelo estresse demasiado, pelas noites mal dormidas, pelos dias em que a ida à academia foi procrastinada e pela falta de equilíbrio entre o trabalho e a vida. Afinal, a fronteira entre a normalidade e a patologia é tênue e, no final do dia, vivemos realidades mais próximas do que se possa imaginar.
Vou finalizar essa reflexão com uma pequena sugestão: substitua a culpa pela tomada de consciência, virada de chave, pelo autoconhecimento, acolhimento, por amor – seja por si ou pelo outro.
Parte I Rosangela Maluf Nem sei mesmo porque me lembrei do João! Não falei nele,…
Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Finalmente transformado em réu pelo STF, a questão que se coloca é:…
Peter Rossi A vida nos propõe revanches, que costumamos chamar de resgates. São derrotas anteriores…
Taís Civitarese Agora, aos noventa anos, devo confessar um crime que cometi ao longo de…
Sandra Belchiolina “Existe um momento na vida de cada pessoa em que é possível sonhar…
Daniela Piroli Cabral contato@danielapiroli.com.br Dizem que à medida que envelhecemos o tempo costuma passar mais…