“Poderia levar a vida mais sossegada e mais feliz do mundo se não fosse um doido.”
Goethe
O universo segue sua silenciosa e contínua expansão pelo infinito. Do dia em que nasci até o dia em que minha alma sairá do meu corpo, não estarei no mesmo lugar nem na vida nem no espaço. A terra desliza pelas cordas que a guiam pelo abismo, presa por cordões invisíveis que impedem que congelemos ou derretamos.
Existe tudo no mundo inteiro. Todos os sentimentos são multiplicados e vivificados a cada rotação do globo. Todo mundo, toda folha caída, toda corrida contra os números digitais dos relógios, que a muito já deixaram de ser ponteiros. Há tudo no mundo inteiro e por mais línguas e linguagens que aprendamos, não conseguiríamos descrever metade do que se passa à nossa volta, assim como não conseguimos definir nosso caminho pelo infinito.
Eu, por exemplo, não conseguiria descrever o que aqueles olhos cor de mel, carregados de ódio e que por ora tinham tomado um tom avermelhado, queriam me dizer. A obscuridade da complacência e a temeridade de não se dizer nada quando o tudo dito já está em todos os lugares. Por mais que continue esbarrando nesses ódios pontuais, nessas brigas começadas com fogo e descrença, falta de fé e inquietude da alma, continuo a acreditar no amor do mundo inteiro.
Talvez, só talvez, enquanto a terra segue pairando pelo eterno, aquilo que não termina e não se é terminado, sejamos atingidos por uma onda similar aos raios gama e depois disso, no mesmo momento em que o planeta cruza a linha do “isso é impossível” e do “isso está acontecendo”, possamos experimentar algo novo. E talvez, só talvez, em nossas vidas cotidianas, com conversas cotidianas, possamos começar algum alento assim: Oi, meu amigo? Como você está? Interessante, hoje tive a sensação de sentir o amor do mundo inteiro. Você está livre no próximo sábado?
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