Taís Civitarese
Coisas que se sente e que não tem nome. Ando às voltas com elas. Às vezes, é difícil processar as violências que se vive. A única coisa que se tem são os sentimentos. Confusos, deslocados, incômodos. Em situações assim, acabo por suprimi-los da mente na esperança que desapareçam.
Porém, nada desaparece. Eles sempre voltam. As situações que os provocam sempre voltam ao pensamento. Até que se tenha clareza o suficiente para desvendá-las.
Ando cheia dessas coisas que não tem nome. São raivas misturadas a decepções com facetas de tédio e de embasbacamento. Uma salada de palavras que tenta explicar algo sentido de forma simples. Daqui a algum tempo descobrirei como se chama isso que me desgosta tanto. Que me deixa estupefata. Que me faz querer viver isolada e só, cercada apenas por livros e crianças.
Um rastro de hipocrisia me repele junto a outro de estupidezes crônicas. Egos insuflados me perseguem. E meu tédio grita a perda de tempo ao deparar-me com eles. Como ousa furtar meus minutos de contemplação ou sono? Como ousa me roubar do silêncio para ouvir baboseiras proferidas, para ser invadida, ofendida, desrespeitada?
Como ousa exibir sua face diante dos meus olhos que miravam placidamente o horizonte? Como ousa poluir meus ouvidos com toxicidades inúteis e uma profusão de burrices esqueléticas?
Deixe-me com minha paz inofensiva. Não incomodo ninguém desta maneira. Leve sua feiura para alhures, sua inconveniência para outrora, seu desrespeito para o fim dos tempos. Deixe-me com meus sonhos, meus pensamentos, meus devaneios e minha ordinariedade.
Há zumbis sequenciais à solta, vagando à procura de miolos. Sedentos por sugarem a serenidade alheia. Que passem ao largo da minha bala de prata. Lustrosa e polida, é a única coisa que tenho. Deixarei-a devidamente engatilhada em minha consciência.