O céu parece menos azul, e as nuvens não desenham mais as fantasias da molecada na rua correndo de um lado pro outro.
Sinto o vento martelando as minhas lembranças, e não sei onde foram parar toda aquela gente- que era a minha gente.
As cirandas agora se transformaram em silêncio, e foram brutalmente tiradas da inocência para serem entregues ao mundo adulto.
A minha terra desfolha o cheiro das despedidas, dos beijos apressados, e das canções que arpeja no meu mundo a força dos sonhos. Parece que as serenatas sangram amores que nunca foram vividos.
Ainda que as recordações em mim chorem por dentro, o meu coração um dia saberá das alegrias dos meus quintas, da formosura da moça que me enchia de esperança e assanhava os meus desejos, da singeleza das promessas que quase sempre não foram cumpridas. E dos magistrais vaga-lumes que iluminaram a minha doce juventude.
Que saudade dos tempos de outrora e da praça enfeitada de risos, das barracas exibindo doces que salivavam a nossa alma, e dos rabiscos secretos que nos destinavam e faziam com que os nossos olhos brilhassem em busca do autor. Um tal de correio elegante.
Me recordo das luzes das velas em procissão clamando por milagres e falando de gratidão. Ou simplesmente queimando os nossos cabelos.
A terra ainda se lembra dos meus pés, e os seus segredos eu guardei só pra mim.
Eita, que essa roça tem cheirinho de pai, de mãe, e de irmãos. Posso ouvir avós conversando na varanda, e ver nas suas mãos já visitadas pelo tempo bolo e café de coador.
“Causos” que caberiam nas páginas de um livro bom.
Tem primos chacoalhando as árvores e vizinhos torcendo o nariz. Eles não sabem que a natureza fica mais bonita quando se brinca e os seus frutos mais doces. E isso é maravilhoso.
Ouço um cantar de passarinhos e percebo que eles têm algo a dizer.
Falam de Deus, falam de amor, e pedem paz.
Sabiá, um dia você veio me visitar.
Por onde você anda agora?
Eu sonhei ser violeiro e perpetuar as coisas raras, prestar atenção na saudade que bate à minha porta, e colocar voz nas minhas andanças.
Me ensina o seu canto.
Minha terra tem palmeiras onde canta o Sabiá…
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Me vi em cada lembrança contada.
Saudades.
Muitas saudades mesmo.
Acabou-se o que era doce!
Ainda tem uma rapinha no tacho.
Eu sei que os ventos de nosso passado mudaram bastante, a palavras distante virou algo verdadeiro até em nossas relacionamentos nossas amizade
Faz parte.
Faz algum tempo que não lia os seus textos deliciosos.
Fazem falta.
São sempre leves e deliciosos.
Grande abraço.