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Não se esqueça da mãe

Faz três semanas que duas amigas próximas tiveram bebês. Uma em seguida da outra. Uma menina e um menino. Dois motivos de grande alegria! Nasceram coincidentemente no mesmo hospital onde, por sorte, pude ir visitá-los.

Em seus quartos havia lindos comemorativos! Enfeites de porta de maternidade feitos à mão, doces deliciosos como lembrancinha. Eram bebês cercados de amor, em famílias que os esperavam de braços abertos. Uma atmosfera muito amorosa envolveu aqueles dois nascimentos.

Passaram-se alguns dias e fiquei pensando nelas, nas minhas amigas. Em como estariam se sentindo. Se estariam bem, tendo apoio, conseguindo amamentar e gerir suas vidas após esse grande acontecimento que é ter um filho.

Por mais dadivoso que seja conceber, gerar e parir, por mais bonito que seja este dom, por mais desejado que seja um bebê, há que se ter cuidado com os momentos que vêm logo depois de sua chegada. É o famoso puerpério imediato, quando a vida da mulher entra em uma transição. Fase na qual o que se era antes fica no “pause” e existe um foco novo a que se dedicar.

Há uma solidão muito particular nesse período. Não é necessariamente física. Ela vem de uma combinação de emoções novas e difíceis de se administrar. Sentimentos antes desconhecidos surgem e atropelam uma rotina atribulada, intensa e com pouco tempo de descanso. É alegria misturada a gratidão, medo com exaustão e melancolia. Um afeto muito grande permeado por dúvidas, cansaço, ansiedade e sobressaltos. Um pouco de irritação, desejo de colo para si mesma enquanto é necessário dar o colo a alguém. Ternura, preguiça, monotonia, desmotivação, saudade. Tudo em intensidades extremas que variam de muito a bastante. E num cenário em que, a todo momento, cada atitude é vital.

Tentei enviar algum sinal de amor a elas. Mostrar que havia alguém ali, ao alcance de um zap. Lembrei de quando, em sua situação, esqueci o andar onde morava e passei a ver vultos de madrugada passeando pelo corredor – tamanho o esgotamento.

Deem carinho às amigas recém-paridas. Elas precisam! É uma forma de aplacar o sentimento partilhado por todas as que se unem individualmente nas madrugadas no exercício amoroso e trôpego de serem mães.

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