Flor de abobrinha

João Pedro e Leo foram mexer na horta. Até então, havia nela apenas as jardineiras prontas. Retangulares, formadas por blocos de concreto e contendo terra. Ninguém ainda havia se disposto a ir plantar ali alguma coisa. Enfim, eles foram.

Leo plantou rúculas, alfaces, manjericão, couve e almeirão. João Pedro pegou um único pacote de sementes e, com sua pequena mão, espalhou-as por completo sobre um canteiro. Leo não percebeu e seguiu com sua semeadura.

Semanas depois, as rúculas começaram a brotar. O manjericão vinha tímido e amarelo, prejudicado pelo excesso de chuvas. Alfaces e almeirões eclodiam suas primeiras folhas. A couve, magrinha, igualmente despontava aos poucos.

Havia porém um canteiro que estava especialmente frondoso. Com folhas largas, enormes, de hastes altas e tonalidade verde intensa. Ninguém de casa conhecia aquela misteriosa “verdura”. Afastando-se as folhas com cuidado, notaram-se por dentro algumas flores. Eram amarelas e alaranjadas, de pétalas longas. Em sua base, um caule estranho, listrado, lembrando um legume. Eram abobrinhas!

Nosso “menino do dedo verde” tinha efetuado aquela mágica. Em sua inocência, meio de brincadeira, produziu o item mais viçoso da horta. De sua pureza adveio o plantio mais bem-sucedido.

Tal fato recordou-nos de como a natureza costuma replicar esse desfecho em tantos outros campos…

 

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