Não adianta tentar tapar o sol com a peneira e sair por aí dizendo que “inveja” não passa de uma crendice popular e que não existe.
Entendo que se trata de um sentimento controverso, um tanto quanto gosmento, e de difícil compreensão. Por isso tantos vieses e tantos desconfortos sobre o tema.
Desde sempre conhecemos esse lado sombrio e feio de sentir.
Algumas pessoas tentam fantasiar e colocar o que sentem num carro alegórico como se tratasse de uma folia de carnaval. Outras já a cultivam debaixo dos panos, atrelado com infernos, e castigos.
Para os mais ousados existe continuamente um atenuante.
Elegeram uma nova modalidade para tal: a invejinha branca.
Essa anda entre ruas e becos, atraente como poucos, e é antenada por natureza. E diz que não faz mal a ninguém.
Os anjinhos com asas de espinhos.
Que assim seja!
Não sei se pela influência da minha personalidade discreta e do meu minerês entranhado nas veias, aprecio um dia a dia mais acomodado, e sem olho mágico querendo saber de mim.
Gosto de guardar os meus sonhos, as minhas crendices, as minhas solitudes, e todos os demais remansos dentro de uma caixinha no fundo do meu armário. E patentear no meu coração pra que isso lhes garanta um habitat mais purificado e mais energético.
É evidente que não se pode viver enclausurado ou brutalmente reativo, tampouco com medo do mundo e das pessoas ao nosso redor. Isso fatalmente causaria um transtorno ao nosso lado de dentro, e nos cegaria diante dos cursos da vida.
No entanto, é possível um olhar mais atento, um andar menos ligeiro, e um pensamento com uma boa dose de malícia se refletindo ao entardecer.
Outro dia vi uma reflexão dessas que as pessoas publicam nas redes sociais, falando sobre o que faz alguém sentir inveja. E ela falava sobre a peculiar controvérsia entre o material e o interior.
Na maioria das vezes uma estrondosa conta bancária não te coloca na posição de “invejável”, nem no topo dos holofotes, e o pomposo cartão de crédito black passa ileso. E é exatamente nesse ponto que circunda tantas dúvidas.
Um brilho diferente.
Eu diria: o borogodó do coração, o sexy appeal da alma, ou um tesão rarefeito.
Efeitos que não vive em vitrines.
Lá vem o provérbio:
Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Já dizia minha avó.
E pra não esquecer:
Seguro morreu de velho. Já dizia o meu pai.
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