Olho para os meus filhos e tento gravar a imagem dos seus rostos. Ficaremos alguns dias longe. Pouco tempo, apenas 4 noites. Não sei por que, me parece bem mais que isso.
Lucas acordou com “banzo”. João Pedro chorou muito ao esbarrar o braço na porta. Acho que estão sentidos, mas deve ser vaidade minha. Sei que esse estado durará minutos.
Ficarão aos cuidados do pai que, além de cuidador, é um ídolo e herói. Como diz o mais velho, o Lucas, “bem mais divertido” do que eu. Acho graça. Acho bom. Digo que sou a voz da lei em suas vidas e o pai, a alegria. E nos alternamos de vez em quando.
Eles definitivamente não precisam mais de mim. Estão prontos, criados, cada um ao seu modo. Só precisam de uma leve condução pela mão até que alcem seus voos.
Quem precisa deles sou eu. Sinto um misto de saudade e alívio relacionado ao tempo em que dependiam mais de mim. Vejo fotos antigas e choro. Se mãe é bicho besta, quebrei esse recorde. Ao mesmo tempo, tenho plena consciência de que meu papel é criá-los para o mundo. Quero que desapeguem e voem longe, que tracem seus próprios caminhos. Isso é saudável e bom.
No entanto, olho para aqueles olhos de cílios cheios, para as bochechas enormes e adoráveis do Lu, para a covinha e a delicadeza do João e sinto que percorri milhares de quilômetros, tomei muitos sorvetes e vi muitas alvoradas apenas para estar aqui, neste momento, neste dia, contemplando essas duas pessoas. Sentindo amor por elas. Sentindo saudades. Tendo um abraço apertado de despedida e esperando ouvir todas as suas aventuras quando do nosso reencontro.
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