Nunca pensei que teria a chance de ver um Beatle ao vivo e isso aconteceu com muita emoção na última segunda-feira. De repente, lá estava aquele senhor de 81 anos sobre um palco montado na Arena MRV, cantando e entretendo como um rockstar em seu auge.
No telão, imagens antigas dos Beatles e de várias fases da vida de Paul McCartney. Sua voz permanecia potente e afinada. Sua simpatia também. Surpreendeu-me a conexão do maior rockstar vivo do mundo com seu público. Horas antes, na saída do hotel em BH, andou calmamente através da porta principal e acenou para as pessoas que o esperavam ao lado de fora. Em trânsito, baixou o vidro do carro para cumprimentar os fãs. No palco, disse algumas palavras em português e entoou gírias mineiras como “trem bão” e “bão dimais”. É impossível não ceder a esse carisma.
Paralelamente, vêem-se tantos artistas – ou não tão artistas assim – agirem com bastante mais pompa e distanciamento, ainda que não tenham um dedinho da relevância.
Paul cantou “Something” tocando ukulele e encerrou com “Golden Slumbers”, a mais dourada de todas as suas canções! Virtualmente, fez até um dueto com John Lennon através de imagens que, sinceramente, davam a sensação de que John também estava lá, jovem e sorridente, cantando para nós.
Foi um show maravilhoso e carregado de recordações. Ao ouvir tudo aquilo, ocorreu-me que para cada momento nesta vida que conheço, há uma música sua associada. A infância com “Hey Jude” (acho que era trilha de alguma novela), a juventude com “Let it be” e “Oh, Darling!” (dos CDs que papai tinha em casa), o nascimento de meu primeiro filho com “Blackbird”, algumas viagens de carro com a trilha de “Sargent Pepper’s”.
Na platéia vi crianças, idosos, casais, famílias e grupos de amigos. Também notei o Bituca e alguns artistas mineiros. Todos ali para reverenciar um senhor que tanto influenciou a música e, consequentemente, as nossas vidas.

Tais Civitarese

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