por Laura Cabral, revisado por Daniela Piroli Cabral
Em mais uma terça-feira, chegando na escola em cima da hora novamente, a primeira aula era a de Educação Física. Na quadra, vejo a Valentina e suas amigas passando e, como de costume, fofocando coisas fúteis:
– Gente! Eu beijei o Enzo ontem. E ele beija muio mal.
– Nossa amiga! Sério?! Ele tem cara de ser tão maduro.
Fico olhando para elas em estado de choque, pensando que ela ainda cheiram a leite e se acham tão adultas. Me viro e vejo o Enzo e seu grupo de “parças” jogando futebol. Como de costume, Enzo estava xingando todo mundo. “Chuta essa bola direito! Por acaso tem cebola no lugar do pé? Defende essa bola, seu frangola!”. Isso era noventa por cento do seu vocabulário enquanto ele mesmo nem havia tocado na bola.
Daí a pouco, ouço: “Vai lá amor!”, e me viro para ver quem era. Me deparo com Valentina grudada na cerca olhando para o Enzo, sorrindo enquanto ele se vira e sorri de volta. Uma das amigas chega perto e pergunta:
– Você não disse que ele beijava mal?
Começa uma briga entre o “casal”, vindo gritaria, ameaças, choro e, de brinde, um “término”.
No recreio, me sento perto de um grupinho de meninas que tem a fama de falar mal de todo mundo e, sem querer, escuto:
– Vocês viram o cabelo do Pedro? Que horror!
– Pois é! E o babado entre o Enzo e a Valentina?
Elas falavam isso entre várias risadas e ei fiquei me perguntando se elas não se olham
no espelho para estar falando dos outros como se fossem perfeitas. E me torno meio hipócrita dizendo isso pois também já falei mal de muita gente.
E é assim a comédia cotidiana da escola.