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Dentro de mim

Silvia Ribeiro

Perdoa o meu atrevimento ao desnudar-te, mas esses delírios me pertencem.

Vim buscar essa saliência de desejos que calaram a minha voz e esse respirar ofegante que sai dos seus lábios, e todas as loucuras que conversam com o meu pescoço fazendo às pazes com as minhas urgências, deixando os meus arrepios prontos pra te receber.

Me apeteço da inocência do seu corpo à espera do meu, e me distraio nas suas curvas feito um pássaro admirando a natureza, se entretendo com as flores, conquistando perfumes, fazendo manha, e decidindo o momento de voar, sem mais delongas. 

Recebo o seu abraço e critico a saudade com o coração agasalhado de fervura que me aceita como um chá quente, e não se defende das suas mãos alvoroçadas nem da singularidade dos seus instintos que pretendem o gozo da minha alma, sem mais talvez. 

Me enterneço das suas fantasias como uma criança que bajula o seu brinquedo e entende tudo o que ele quer dizer, e por um longo tempo me invade com as suas histórias sem que ninguém saiba das suas invenções, correndo o risco se sermos lembrados apenas pelas paredes, sem mais medos.

O amor conta os segundos pra ter você e sublinha uma direção corriqueira que se acomoda no seu olhar e nas coisas gostosas que você me diz, e uma roda de estrelas começam a fazer parte das nossas noites.

Uma curiosidade indócil se afina com os meus pensamentos e eu disfarço o sorriso que corteja cada gota de suor que secretamente passeia nas minhas costas como uma bela massagem, e logo vem a voz da vida tirando as nossas roupas.

Em um momento qualquer você me pergunta:

Por onde devo ir?

Dentro de mim. 

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