É difícil escrever sobre qualquer outra coisa enquanto acontece essa guerra. Meu celular pipoca a todo tempo com notícias muito tristes. O terrorismo é algo absolutamente abominável e injustificável. Porém, acredito realmente que esteja havendo uma tentativa de limpeza étnica palestina. O que fazer? Sinto-me de mãos amarradas. Se o mundo estivesse ciente do que acontecia na época do holocausto, talvez pudesse ter evitado tanto sofrimento. Neste momento, sabemos o que se passa. Vemos atrocidades televisionadas ao vivo diariamente. E não fazemos nada? A ONU tenta, o diretor da organização se demite. Os acordos de paz propostos são vetados. Há forças muito grandes por trás dessa matança. Sinto vontade de dizer que não compactuo com elas. Será mesmo? O que preciso fazer para provar que estou do outro lado?

Será que nunca mais voltar aos Estados Unidos resolve? Quem se importa? Devo estar seguindo as páginas erradas. Muitas mostram imagens de mães chorando e esse é um ponto que me dói especialmente. Todas aquelas mulheres me doem. Todas elas. As que usam estrela e as que usam lenço. Todas elas.

É muito esquisito. Não encontro nenhum assunto relevante a não ser esse. Como se aqui por perto também não estivessem acontecendo várias guerras. A guerra urbana, a guerra do tráfico. A guerra da Ucrânia, que ficou relativamente “esquecida”.

Qual dor será que dói mais? E por que valoriza-se mais a dor branca e estrangeira? A dor negra ou moura seria dor menor? A dor pobre? Ouviram-se expressões como “animais humanos” e “todos são culpados”. Que fique registrado aqui para todo o sempre, enquanto ainda vive a minha consciência, que sou terminantemente contra – e para sempre o serei – todo e qualquer movimento de extrema direita. Eles se igualam à morte.

E que fique registrado aqui também o meu mais absoluto desprezo por quem não tem empatia pelo sofrimento dos outros, independentemente de suas orientações intelectuais, morais ou religiosas. Esse é meu lado na guerra. Que se eternize a vergonha alheia que sinto por essas pessoas, que contrariam literalmente o que entendo por humanidade. 

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