Tudo começou num Carrefour, o supermercado. Havia um no shopping que era enorme. Vendia de requeijão a pneu, passando por barracas de acampamento, pequenos móveis e cds. E foi diante desses que parei, um dia, para escolher um presente de dia das mães para a minha mãe. Ela sempre gostou de música, mais precisamente de jazz e R&B. Fuçando as sessões divididas alfabeticamente, encontrei uma cantora que já tinha ouvido falar algumas vezes, mas jamais prestado atenção. Naquela época, aos 13 anos, eu gostava da Whitney, apelidada de “sirene” por papai. Colocava para tocar seu hit “I will always love you” e entrava em delírio. Repetia e repetia, todos os dias ao chegar da escola, após o dever e o jantar – para o terror auditivo de minha família. A cantora cujo disco escolhi levar não era a Whitney. Resolvi apostar. Ela se chamava Mariah Carey.

Mamãe ganhou o presente e supostamente gostou. Ouviu o cd algumas vezes. Porém, fui eu quem realmente me emocionei ao ouvir aquela voz tão forte, tão bonita. As músicas eram a cara dos anos noventa. A cara do exagero sentimental. Do drama recoberto por glitter. Eram a minha cara! 

Deixei a Whitney de lado por aquela cantora nova. Procurei seus outros discos, seus covers de canções antigas, até surgirem seus clipes na MTV. Passei a esperar ansiosa por eles.

Nunca tinha visto ninguém cantar como ela. A Celine Dion – que então fazia sucesso – para mim, não chegava aos seus pés. E foi ouvindo suas músicas que passei toda a minha adolescência. Minhas melhores amigas a consideram brega. Gostam de bandas como Arctic Monkeys e The Kooks. Ou preferem MPB. Já eu, permaneci fiel ao R&B, à Mariah e a todas as suas parcerias e desdobramentos musicais que me fizeram conhecer muito do que gosto hoje, esbarrando no rap e no hip hop.

Em 2018, assisti a um show dela. Por algum motivo, vendo-a de perto, achei-a parecidíssima com a minha mãe.

Ao ler sua biografia, conheci sobre suas batalhas com a saúde mental, a infância miserável, o racismo sofrido e o casamento abusivo que viveu com Tommy Mottola, executivo da Sony Music que a lançou no mundo da música.

Aquelas letras dramáticas e melosas, todas escritas por ela, tinham daí sua razão de ser. Eram inspiradas em uma vida difícil, a qual culminou com a superação e o sucesso, ambos coroados por muitos brilhantes e extravagâncias. Todos perdoáveis diante de tanto talento.

Há 30 anos sou fã da Mariah, acho sua voz realmente inigualável! Numa declaração de amor ao estilo de suas canções, sou feliz por viver no mesmo tempo em que ela no mundo. A rainha do R&B!

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