Cá venho eu contar sobre mais duas palavras que me causam irritação. O interesse nesse tópico não cabe a ninguém além de mim mesma, porém compõe o rol das inutilidades que, por uma razão ou outra, preciso dividir. Na falta de um ouvido mais próximo, o imbróglio coube a você, amigo leitor. 🙂
Lembrei-me de tais verbetes por motivos diversos na semana passada e, ao ouvi-los, desenvolvi uma série de urticárias na pele, um misto de alergias com descamação.
Venho preventivamente descrevê-los também para que se evitem-nos diante de pessoas irritantes, digo, irritativas como eu.
A primeira palavra vem do inglês e é muito usada por decoradores, arquitetos e outras sortes de profissionais dos espaços. Se chama “lounge”. Ao ouvi-la, imagino um lugar com sofás caríssimos, pessoas tomando Aperol de dedos para cima ouvindo house music enquanto assistem ao pôr-do-sol. Ou seja, um cenário bastante angustiante e, para o meu gosto, desagradável. Sua tradução imediata no português seria o simpaticíssimo “saguão” ou “saleta”. No entanto, usa-se com frequência o termo em inglês, talvez para elevar o nome do ambiente aos ares da modernidade. A meu ver, isso faz com que soe enjoativo e repelente daquilo que é legal.
A segunda é “impecável”. Não tenho palavras para descrever esse verbete. A maturidade já me ensinou que algo impecável é necessariamente falso. O pecado está sempre em algum lugar da história, se ele não aparece, é porque foi escondido. Compreendo que o vocábulo tenha uma intenção elogiosa, porém me soa muito empolado e um pouco segregacionista. O conceito do erro é rechaçado e nem se consideram as possíveis gestões de crise. Sou mais a imperfeição da realidade, prefiro aquilo que é bom em sua espontaneidade e caos. Ademais, a obsessão pelo perfeito vêm sempre com um pacote de sofrimento grátis na bagagem.
E por fim, toda a gama de elogios iniciados com “im” e terminados com “vel” me lembra alguém que eu gostaria muito de esquecer de forma definitiva em um lounge impecavelmente segregado de mim.
Mário Sérgio Todos os preparativos, naquele sábado, pareciam exigir mais concentração de esforço. Afinal, havia…
Rosangela Maluf Gostei sim, quando era ainda criança e a magia das festas natalinas me…
Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Com a proximidade do Natal e festas de fim de ano, já…
Peter Rossi Me pego, por curiosidade pura, pensando como as cores influenciam a nossa vida.…
Wander Aguiar Finalizando minha aventura pelo Caminho de Santiago, decidi parar em Luxemburgo antes de…
Como é bom ir se transformando na gente. Assumir a própria esquisitice. Sair do armário…