Categories: Silvia Ribeiro

Viro pro canto e vou dormir

Silvia Ribeiro

Quando chega a noite tenho umas inspirações meio loucas.

Apago as luzes do meu quarto e na minha cama fico pensando no que eu iria te dizer e nesse instante só as estrelas me entendem.

Será que essas palavras chegam até você?

Talvez eu nem precise perder tempo com hesitações, já que os meus olhos já te disseram tanto.

Ainda assim alguns sentimentos querem pular de dentro de mim e saber o que você faria se estivesse aqui. Não sei se iria se importar com o som da minha voz ou se iria calar a minha boca.

E eu digo.

Das delícias dos seus beijos entrando sem pedir licença pra minha alma, do seu perfume se espreguiçando na minha pele, do seu abraço me encorajando, das suas mãos sentadas no meu colo me fazendo sorrir, do seu coração extravagante dominando os meus tabus, e do seu jeito de passar pela minha roupa e logo jogá-la ao chão como se ela te incomodasse.

Das revanches de um prazer saciado em busca de outras sensações, da profecia dos nossos gemidos dizendo que logo estaremos juntos novamente, dos gracejos que eu falo ao seu ouvido, das gotas de suor inundando os nossos cabelos, e dos seus olhos se entendendo com a minha respiração.

Das nossas carícias incisivas a espera de um orgasmo, dos nossos instintos crus como eu nunca vi igual, da sua gentileza em descobrir o que me faz feliz, do nosso jeito de amar de um modo possível, da nossa vontade desenfreada de manter a nossa chama sempre acesa, da minha poesia te mandando recados, e de toda uma combinação de desejos e fantasias que chamam a nossa atenção.

Falo.

Do frio da saudade que dança na minha espinha, do sono curto no meio da noite pedindo a sua presença, do som da sua voz que surge do nada fazendo cócegas na minha nuca, da maneira sutil que eu te trago pra minha cama, do vinho tinto deixando marcas no meu corpo, das coisas que eu gostaria de viver ao seu lado, e do mundo lá fora dizendo que não.

Olho o relógio e o sono flerta com o meu cansaço.

Logo a sua imagem chega de mansinho sem fazer nenhum barulho e visita as minhas lembranças.

As cobertas me aquecem, viro pro canto, e vou dormir.

 

Blogueiro

View Comments

  • Querida Poetisa, Jornalista e Escritora Sílvia Ribeiro!
    Texto maravilhoso!
    E fico pensando, nos sonhos passados e maravilhosos que muitas vezes sonhei!
    Com sua sutileza de poeta, leva o leitor ao imaginário, de muitas noites, imaginando o seu amor!
    Parabéns!

Share
Published by
Blogueiro

Recent Posts

Ainda pouca mas bendita chuva

Eduardo de Ávila Depois de cinco meses sem uma gota de água vinda do céu,…

5 horas ago

A vida pelo retrovisor

Silvia Ribeiro Tenho a sensação de estar vendo a vida pelo retrovisor. O tempo passa…

1 dia ago

É preciso comemorar

Mário Sérgio No dia 24 de outubro, quinta-feira, foi comemorado o Dia Mundial de Combate…

2 dias ago

Mãe

Rosangela Maluf Ah, bem que você poderia ter ficado mais um pouco; só um pouquinho…

2 dias ago

Calma que vai piorar

Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Depois que publiquei dois textos com a seleção de manchetes que escandalizam…

3 dias ago

Mercados Tailandeses

Wander Aguiar Para nós, brasileiros, a Tailândia geralmente está associada às suas praias de águas…

4 dias ago