Ao contrário do que muitos comemoraram e outros tantos ainda lamentam, a condenação do candidato derrotado nas últimas eleições – a curto, médio e longo prazos – será benéfica para os conservadores e não para os adversários. Tenho essa convicção, na cômoda condição de não ser militante de qualquer dos lados, mesmo rejeitando o jeito frenético de um desses extremos. Embora, sendo destro para escrever e chutar uma bola, abomino o exaltado dessa atitude filosófica e/ou política. Conheço muitas/os que passei a chamar de Fake Cristão e Pobre de Classe Rica. São, ao que penso, verdadeiros idiotas.
Vale dizer, não havendo alternativa conciliatória – desde que privilegie políticas sérias de interesse social – opto sem rodeios, constrangimentos e dissimulação por escolher a esquerda. No caso atual, do presidente recém-eleito e empossado, diria que ele está mais ao centro que essa idiotice de uns poucos radicais com traços nazi/fascistas, que insistem em tachá-lo e a muitos de nós disso e daquilo.
Então, caríssimas e caríssimos – brasileiras e brasileiros -, a inelegibilidade do ex-presidente abre oportunidade e espaço para um novo e saudável debate. Sem os sintomas da doença que acometeu a várias pessoas que mereciam nossa estima. Essas/es amigas/os que afastamos, por opção consensual, têm agora uma boa oportunidade de reciclagem e reflexão. Contaminadas/os pelo ódio e a divisão de classes, que o sujeito se apegou, têm agora a derradeira oportunidade de voltar para a Terra redonda.
Ainda jovem, participei ativamente de campanhas pela redemocratização, que em sequência mobilizou toda a nação pelas “Diretas Já” e, quase em ato contínuo, o “Tancredo Já”. E me lembro bem que ele, Tancredo Neves, era um conservador que dialogava com todos, sabia conversar com a oposição. De lá para cá, entre altos e baixos, caímos na cilada ao eleger um sujeito imbecil, minúsculo, imoral, reacionário, golpista e defensor de propostas na contramão do Estado de Direito.
Defendeu escancarada e abertamente, ao longo dos tempos, a implantação de uma ditadura. Conspirou e incentivou atos antidemocráticos, que culminaram com sua punição. Agora, cinicamente, insiste em discursos e manifestações toscas que seria ele uma vítima daquilo que ele sempre pregou e defendeu. Felizmente, para todas e todos, esse pesadelo chegou ao fim. Por oito anos, essa pessoa não poderá se eleger para qualquer cargo eletivo.
Como mencionei, no início dessa prosa, quem mais ganha não são os adversários do conservadorismo, mas os adeptos e defensores dessa opção política. Deixam de ter esse esgoto, sem princípios, e passam a avaliar as oportunidades de uma nova liderança. Alguém, como outros do passado, que saiba dialogar e conviver com os diferentes. Assim como fez Tancredo e faz Lula. Sem sectarismo e sem fazer de seus seguidores bucha de canhão. Mas, cuidado, observe bem o discurso de cada um deles. Não se deixe levar pela pose de bom mocinho. Isso não basta, é preciso atitude. Não tem lugar para novos aventureiros que se apegam em pregações nazi, fasci e mesmo comuna do passado. Filhote de ditadura são tão minúsculos quanto seus defensores.
Sigamos!
As duas imagens, ambas do UAI/EM, propositalmente provocativas e providencialmente escolhidas para o texto, tem intenção. Não me lembro, quando milhares de brasileiros morriam por dia pela crise sanitária, desprezada pelo inelegível, dessa expressão do então pR. Famílias choravam e ele debochava, fazia piada e imitava pessoas morrendo sem ar. Oh! Coitado!
*fotos: UAI/EM
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Realmente a direita ganha muito com a inelegibilidade, nao tenho dúvida. Uma pena vir tarde, meu desejo era que nas últimas eleições não pudessem disputar o agora inelegível e o ex-condenado. NÃO HÁ O QUE COMEMORAR.
Muito boa suas colocações
Um ponto de vista interessante.