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Quatro crianças indígenas e a vida

Cabe aos pais o ensino sobre a vida.  Incentivar seus filhos a adquirir habilidades para lidar com ela quando eles não estiverem mais por perto. Transmissão de conhecimento desejada.  A sabedoria ao transmitir aos pimpolhos como proceder na adversidade e perigos das florestas, matas, e áreas mais preservadas.

Com o passar do tempo, tornou-se uma tarefa distante para mães/pais da selva de pedra. Foi com admiração que muitos acompanharam o resgate das quatro crianças indígenas colombiana. Elas são o testemunho para o mundo de que a diversidade da sabedoria está por aí e a transmissão milenar dos saberes sobre a floresta estão esse nosso mundo tecnológico.

A operação denominada “Esperança” teve a presença de militares e indígenas. O resultado foi positivo quando os quatro irmãos foram resgatados da Amazônia, após a queda do avião onde estavam com a mãe. Os relatos indicam que ela permaneceu viva durante quatro dias após o acidente. O que mais impressiona no ocorrido são sua força e confiança para orientar Lesly – sua filha de 13 anos a ir embora com seus irmãos de 9, 4 anos e a bebê que completou um ano nesse período. Os irmãos ficaram perdidos por 40 dias. Alimentaram-se de farinha de mandioca que a mãe levava na aeronave, frutos da mata e ração jogada do ar pela força tarefa.

Num dos relatos de socorristas percebe-se o que essas crianças enfrentaram: “se já era difícil para nós, estarmos ali, com todas as condições e equipamentos, imaginem as crianças pequenas e sem nenhum equipamento”.

A Colômbia, como todo resto do mundo, acompanhou esse resgate e o presidente do país

amazônico celebra: “É um grande presente para a Colômbia, um presente para a vida, nossos

meninos cuidados pela selva”.

O papel dessa mãe parece ter sido o que se espera da função materna: dar à luz, nutrIr, proteger. transmitir saberes e liberar os filhos para vida. Um caso trágico para ela,

mas seus rebentos acolheram seus ensinamentos os e com uma força simbólica caminharam para vida.

As quatro crianças seguiram seu caminho, desejando viver e sendo sujeitos ali onde a morte encontrava-se à espreita.

Sandra Belchiolina

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