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Humor que não é humor

Taís Civitarese

Sem surpresa nenhuma, mas com certo incômodo, tomei conhecimento de que o humorista Fabio Porchat havia criticado publicamente a censura judicial aplicada a uma pessoa chamada Leo Lins pelo fato deste último fazer piadas com pessoas com deficiência, negros, vulneráveis, travestis e minorias.

Não me surpreendi com o fato, afinal homens frequentemente apoiarão homens, mas me lembro de, durante a pandemia, ter assistido a vídeos em que Fabio defendia pautas inclusivas e criticava a mentalidade discriminatória presente no nosso cenário político. Então, a notícia gerou-me uma certa sensação de confusão.

O humor é um recurso poderoso de transformação de nossa sociedade. Ele faz crítica, provoca reflexão e, obviamente, proporciona entretenimento. Já o humor “politicamente incorreto” – julguei que não fosse necessário explicar –  evoca e reforça sentimentos cuja experiência e vivência provou trazerem inúmeros resultados nefastos. 

Tão nefastos quanto o governo criticado por Fábio. Portanto, não compreendi. 

Tal contradição causou-me incômodo e indaguei se não haveria outras razões para tal opinião. Algo como defesa vã da classe de comediantes ou um recurso para a própria elaboração pessoal, caso já tenha se identificado, um dia, com a parte mais frágil da situação.

Vi algumas pessoas alegando que se algo provoca riso, é humor.

E me lembro que nem sempre a gente ri porque acha graça. Eu, pelo menos, rio de nervoso. Rio de vergonha. Rio de constrangimento ao perceber certas coisas que a razão ainda não organizou. Rir é uma reação do corpo. Não tem nada a ver com ter graça. 

O humor, assim como tudo na vida, deve ter limites. Discriminação, preconceito e racismo são o que são, ainda que travestidos de piada.

Blogueiro

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  • Vai ver o mocinho/antagonista da sua história, senhor Fábio, estava só protegendo o próprio uropigio, visto que a juíza proibiu Léo Lins dentre outras coisas de falar da religião das pessoas. Daí, você deve lembrar do Episódio do Porta dos Fundos Especial de Natal que nem preciso dizer do que se tratou. Acho então que deva-se tirar do ar todos os episódios de Porta dos Fundos. Ou a justiça só Vale pro lado direito a cerca?

    • No caso de Lins, apenas um vídeo específico foi retirado do ar, os outros permanecem lá no canal dele do Youtube.

      É uma discussão complexa, mas creio que as falas racistas num país com o nosso histórico devem ter tido o maior peso nessa decisão.

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