E quando a inspiração não vem? E aquele assunto tão esperado não acontece? Pois é! A vida também tem dias mornos, sem aquela inspiração imediata. E eles não são tão ruins. As vezes é preciso parar – ou ser parado de alguma forma – para tomar um rumo diferente ou pelo menos perceber que, no emaranhado de pensamentos e reflexões que testam os neurônios a cada segundo, é possível encontrar soluções e caminhos a seguir ou uma opção de lazer que faça todo o resto valer a pena.
Hoje, as pessoas são humanas apenas no nascimento e na morte. Na performance, são tratadas como máquinas pelos seus semelhantes. Assim, precisam estar ligadas o tempo todo, imersas em um mundo de informações, dados e metodologias que se retroalimentam e que estão ali apenas para medir a capacidade de mentes e corações.
Descansar, abrir a janela, ver o dia lá fora, ou sair para curtir um domingo de sol com amigos e parentes já não tem o mesmo significado de outrora. Ali, entre uma conversa e outra, está a necessidade da conexão, de ver o que as pessoas estão fazendo e de saber da última notícia e do último famoso que se despede do mundo.
O indivíduo fica ali, absolutamente à mercê. Vive para acompanhar a vida dos outros e quase sempre demora a perceber isso! Sua trajetória, casa e experiências nesse mundo acabam ficando para depois, quando não são absolutamente engolidas pelo redemoinho de acontecimentos externos e entram na lista das atividades inexequíveis.
No entanto, enquanto os humanos não podem parar, as máquinas pifam, ficam obsoletas e, não raras vezes, são substituídas por outras mais modernas, para conexões mais poderosas. Só que essa não pode ser a régua para avaliar pessoas. Há que se entender que elas têm um papel distinto na sociedade, não como equipamentos, mas como detentores da inteligência necessária para cria-los, operá-los e desliga-los quando necessário.
Nesse sentido, a dependência – embora não seja um fato novo, mas é crescente – merece ser combatida a tempo e a hora, para que a humanidade volte a se manifestar tal como é: com dias inspiradores e com aqueles mornos que nada mais são que uma pausa.
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