Um amigo anunciou a festa de seu aniversário valendo-se do seguinte chamariz: “teremos bar de drinks, muito champagne e tipos variados de cervejas artesanais!”.
Não estranhei, pois inebriar-se está notoriamente atrelado ao conceito habitual de diversão. Anestesiar-se dos problemas, soltar as amarras, sentir-se eufórico e alegre de forma instantânea.
Porém, cá no meu canto, tenho uma experiência particular com momentos ébrios. Nas minhas vivências, eles quase sempre acabam em confusão. Quanto mais embriaguez, mais caos. Afora qualquer moralismo que essa frase pode conter, não dá para dizer que não seja verdade. E em todas as últimas festas a que fui foi assim.
Naquele evento, como não estaria em um lugar muito confortável para mim, estava decidida a minimizar os riscos de ter problemas. Portanto, tomei a decisão de não beber. De não tomar uma gota sequer. E assim fiz.
Munida de água e coca cola, passei a noite conversando com amigos que bebiam moderadamente.
Estranhamente (como se poderia pensar), o fato de me manter consciente foi o grande responsável pela minha diversão naquele dia. Lembro das roupas bonitas das convidadas, das músicas que tocaram, dos assuntos que conversei e de todas as confidências que um amigo me fez.
Fomos os últimos a ir embora. Na saída, desviamos de uma moça desmaiada (sendo socorrida) e de um rapaz passando mal pelo excesso de álcool. Lembro de cada detalhe.
Na contramão do que seria mais comum, consegui ter uma festa proveitosa e em paz. Livre de rompantes, de emoções descontroladas e de percepções alucinantes.
Às vezes, contrariar a ordem supostamente “natural” das coisas é a escolha mais acertada que se pode fazer.
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