Não adianta ir “montado” para o Big Brother Brasil (BBB) e nem prometer, em casa, que vai se comportar bem. Depois da expulsão de dois participantes, na última semana, por cenas de assédio cometidos contra uma mulher mexicana que apareceu no programa como convidada, é preciso compreender que nada como o tempo de confinamento para mostrar a realidade do indivíduo.
Na prática, o BBB “soltou” uma mulher belíssima em uma arena com diversos machos alfa “famintos”. Um teste dos mais pesados. Mas nada justifica o que se viu a seguir, embora ações do gênero sejam parte da formação de uma parcela grande dos homens brasileiros. A cantada, a mão boba, a demonstração da força para “roubar” um beijo na boca são etapas de um processo de conquista que, se deu muito certo no passado, hoje pode ser considerado como assédio sem o devido consentimento.
Em um ambiente de competição como o do programa, tanto mais! As conquistas consolidam a imagem dos participantes dentro e fora da casa mais vigiada do país. E depois de tanto tempo ali, os pudores iniciais começam a cair por terra. A “fome” fala mais alto e não há máscaras potentes o suficiente para esconder o animal que habita no Homo sapiens.
As cenas vistas pela TV não são uma novidade, pois acontecem em todos os tipos de ambientes. O assédio sexual não é uma coisa nova no país. Já foi muito tolerado e até “compreendido” como brincadeira ou demonstração de afeto. Só que hoje, tais comportamentos já não carregam a carga romantizada de outrora.
Mulher não é objeto e nem brinquedo. Mulher é gente, tem sentimentos e deve ser respeitada em qualquer situação. Ali na casa repleta de câmeras, as participantes também estão em confinamento e são privadas das mesmas coisas que os machos, mas nem por isso há notícias de que estão “atacando” por um momento de prazer e/ou demonstração de poder.
Se ainda persiste a ideia de que os homens podem fazer o que quiserem, cabe às mulheres perceberem que para além das rosas, agrados e cumprimentos recebidos no último 8 de março, há um caminho de luta para que a sociedade brasileira compreenda que não é não, e que mesmo o sim, deve ser recebido com o devido cuidado e respeito.
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