convenção das bruxas - foto: arquivo pessoal
Recentemente realizei um sonho. Conhecer o sol, o mar e a lua (cheia) de Jericoacoara.
Mas não fui sozinha. Fui com mais quatro amigas, o que tornou o sonho mais colorido e real.
O propósito da viagem era celebrar nossos 20 anos de amizade. Nos conhecemos na graduação do curso de Terapia Ocupacional da UFMG no cabalístico ano 2000.
Tivemos muitos bons momentos de lá para cá. E a ideia não era estarmos todas juntas, mas termos um momento só de nós 5, sem filhos e sem maridos.
Mas somos bruxas muito diferentes. De personalidade, de interesses, de momento de vida. E olha, não foi fácil compatibilizar isso tudo no nosso caldeirão.
Enfim… Tivemos que escolher com muito cuidado os ingredientes da nossa poção. Amor. Paciência. Motivação para estar juntas e fazer acontecer. Diálogo. Muito diálogo (mesmo que por grupo de whatsapp e todas falando ao mesmo tempo).
E então, depois de quase 6 meses de muita programação, deixamos maridos, filhos, trabalho e embarcamos nas nossas tão sonhadas férias.
Tirando o sufoco de uma emergência médica no vôo da ida e um adiantamento no vôo da volta que nos “roubou” 20% das nossas férias, tudo correu na mais plena harmonia.
Tenho certeza que naqueles momentos houve um alinhamento astrológico, cósmico e energético que conspirou para a magia daqueles dias.
Teve nomeação em concurso, perrengue chique, compartilhamento de produtos de beleza, de receitas culinárias e das mais profundas intimidades.
Teve catarses, monólogos coletivos, mergulho conjunto nas águas salgadas, que nos lavou a alma.
Teve muita cumplicidade, pôr do sol na duna, feitiço no ofurô, ambivalência por estar ali. Teve brinde com espumante e com taça personalizada.
Teve alegria, caminhada, diversão. Teve anel da amizade e da bruxaria (imagem que ilustra este texto).
Teve mesmo a celebração do feminino. Na verdade, o que aconteceu naqueles dias foi uma pequena grande revolução.
Enfrentamos comentários de todos os tipos: “Mas seu marido deixou você ir?”. “Mas, espera, e seus filhos, ficaram com quem?”.
Mas respondemos: “Somos bruxas”. E, como bruxas, fomos fontes de inspiração e de admiração para outras amigas.
Não vou me alongar muito mais, sob pena do feitiço virar contra o feiticeiro. Este texto é um agradecimento às queridas amigas que tornaram a nossa viagem um momento único e que deixam a minha vida nesta terra mais alegre e cheia de sentido.
Este texto é também um convite a todas as mulheres observarem as suas pequenas revoluções cotidianas, às vezes silenciosas, que acontecem no questionamento sobre seus papéis de mães, de esposa, de trabalhadoras e de mulheres.
Que ocorre quando se permitem experiências para além do estereótipo, do preconceito, das violências e da submissão.
Que acontece, rotineiramente, quando se caminha livre, de cabeça erguida, com consciência do seu valor pessoal.
Feliz dia das Bruxas!
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Texto delicioso! Para ler e reler !
Adorei o texto. A autora, como sempre, leve e inspiradora.