(Texto original publicado em 07 de novembro de 2018)
O mês de Novembro começou e junto com ele várias ações de sensibilização para o cuidado relacionado à saúde masculina vêm sendo veiculadas na mídia, especificamente em relação à importância de se fazer o diagnóstico precoce do câncer de próstata.
Mas por que, diferentemente das mulheres, os homens têm mais dificuldade de ir ao médico? Por que eles demoram mais a reconhecer que podem estar com algum problema? Por que relutam em pedir ajuda?
A cultura e o tipo de educação que temos em nossa sociedade, ainda machista, ajuda a responder, pelo menos em parte, a estas questões.
Desde pequenos, os meninos são ensinados que “homem não chora”, que demonstrar emoções é sinal de fraqueza, que esconder vulnerabilidades e sofrer calado é a melhor forma de “ser homem”. Assisti, recentemente, a um documentário chamado “The mask you live in” que tenho recomendado a todos os meus pacientes do sexo masculino. A produção explicita bem como o estereótipo masculino é criado na infância e na adolescência e reforçado por rituais e sanções sociais, nas esferas familiares, escolares e do trabalho.
O documentário problematiza que, historicamente, a criação de uma identidade “masculina” passou por três principais questões:
(1) pressão para se ter um porte “atlético”, associando masculinidade à força física;
(2) sucesso socioeconômico, associando masculinidade ao status financeiro e patrimonial e reforçando o papel de “provedor”
(3) conquistas sexuais, associando masculinidade à quantidade de parceiras que o homem conseguiria conquistar, mas não, necessariamente, manter.
Essas três referências comportamentais que balizam até nos dias de hoje uma identidade “masculina” funcionam como uma “máscara” à qual os homens precisam responder, sendo um pobre repertório identitário que não abrange toda a diversidade sobre o masculino e que, muitas vezes, é pouco humano e pouco autêntico.
Há uma enorme pressão para que os homens rejeitem tudo o que possa ser uma referência ao “feminino”, tais como sensibilidade, criatividade, sociabilidade, comunicação e empatia. Além disso, tal contexto predispõe mais a população masculina a demonstrações de agressividade, de violência e ao empobrecimeto social.
E, voltando ao Novembro azul, a consulta médica e a realização do exame de toque, que seriam fundamentais para um diagnóstico precoce do câncer de próstata, ainda permanecem como tabus para muitos os homens.
Para saber mais:
Sandra Belchiolina sandra@arteyvida.com.br Voo, Voa, avua, Rasgando o céu, Voo no deslize. Voo, Avua, Rasgando…
Daniela Piroli Cabral contato@dnaielapiroli.com.br Hoje, dia 20 de Novembro, comemora-se mais um dia da Consciência…
Eduardo de Ávila Assistimos, com muita tristeza, à busca de visibilidade a qualquer preço. Através…
Silvia Ribeiro Nas minhas adultices sempre procurei desvendar o processo de "merecimento", e encontrei muitos…
Mário Sérgio Já era esperado. A chuvarada que cai foi prevista pelo serviço de meteorologia…
Rosangela Maluf Em pleno século XXI, somos continuamente bombardeados com novidades de toda espécie! Resumindo,…
View Comments
Muito bom seu post!!
Obrigada.
Neste novembro tem outro sobre a saude mental masculina!