Não preciso de um dia para me lembrar dela. Mas hoje, como era finados, foi meio que obrigatório recordar. Logo de manhã, Leo acariciava o cachorro e falava de uma parte específica da pele dele que era muito macia. Me disse para tocar. Indicou-me um dobra atrás da pata dianteira, uma suposta axila canina onde quase não havia pêlos, em que a pele lisa e intacta se assemelhava à de um bebê. Disse que aquela era sua parte preferida do cão e sua textura preferida no mundo.
Lembrei-me que a minha parte preferida era uma dobra de gordura protuberante e flexível, bem abaixo da axila dela, antes de chegar à lateral do sutiã. Eu mal podia vê-la que danava a apertar ali. Ela achava graça. Apertava várias vezes enquanto conversávamos sentadas lado a lado. Mesmo adulta, fazia isso. Poderia ser um pouco desrespeitoso, mas ela não ligava, acho que entendia como um carinho.
A pele dela era um veludo, bem lisa, de uma qualidade libanesa. Mais do que isso, ela era uma pessoa muito doce e sorridente. Era uma fonte intensa de carinho e acolhimento para mim. Às vezes, acho que a idealizo, mas depois me lembro de detalhes assim, desses pedacinhos dela, desses momentos – e há tantos outros – e concluo que meu amor por ela foi feito de um mosaico de várias dessas histórias simbólicas, dessas suas concessões tão simples e amorosamente generosas. Então, não poderia ser diferente. Para mim, ela é enorme. Sempre foi amor. Sempre será saudade.
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