“Cada pé cansado tem sempre um chinelo velho que lhe caiba”. Esta máxima, por vezes usada como mantra para quem aspira a uma parceria amorosa, tem feito bastante sentido para mim nos últimos tempos. No entanto, não me refiro à conotação nupcial da frase, mas sim a um outro tipo de casamento.
Falo das parcerias comportamentais.
Há sempre um mandão para quem gosta de obedecer. Sempre existe um birrento para quem costuma mimar. Há sempre um hipocondríaco para quem se habitua a remediar. E sempre tem um problemático para quem gosta de resolver.
Frequentemente, enxergamos apenas um lado desta união. Principalmente quando somos nós os “noivos” envolvidos. Os relacionamentos entre as pessoas são danças e a valsa só acontece daquela maneira se existe o par. Se um dos dois resolve mudar de ritmo, o bailado harmonioso se desfaz ali.
Isso torna mais clara a solução para alguns impasses. Porém, não a torna mais fácil. Se só sei dançar valsa, como posso mudar para o tango ou para a salsa de uma hora para outra? Principalmente se percebo que a valsa não me cabe mais?
Tudo começa com um pequeno passo em outro ritmo. A partir daí, a coreografia desanda e pode se organizar de outra maneira. Não é fácil, mas muitas vezes é preciso.
A panela de pressão não funciona sem a tampa, isto é fato. Mas a tampa pode servir para tampar alguma outra vasilha na cozinha que tenha o mesmo diâmetro e seja menos turbulenta. E assim por diante… O próprio chinelo velho pode ser reciclado. E virar trave, luva de goleiro, palmilha, matador de barata, dentre outros…
Entre tampas, chinelos e danças é que se faz a faxina na casa.
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