No primeiro ano do ensino médio, tive uma professora que mudou minha vida. Era minha professora de português. Quando adentrava a sala, já trazia consigo uma aura de respeito. E não era por ser séria ou rigorosa. Ao contrário. Ela tinha uma luz e uma vitalidade no olhar como poucas vezes vira antes.
Ela parecia gostar muito de ensinar. Tinha uma “braveza” inata que ressoava como uma voz firme e uma elegância nas palavras. Era sensível e vigorosa. E foi um modelo para mim a partir de quando a conheci.
Ela ensinava interpretação de texto e literatura. Mal sabia eu, à época, a importância desses dois temas em toda a vida.
Frequentemente, suas aulas eram dadas a partir de textos de jornal, críticas da sessão “Opinião” e crônicas para lermos e comentarmos juntos.
Com isso, além do exercício mais objetivo de se entender o que o autor queria dizer, também expandíamos nossos horizontes com informações novas, belezas literárias ou simplesmente poesia.
Sinto que ela pegou uma chave e abriu minha mente para muitas coisas. Muitas novas perspectivas. Ela me ensinou a olhar além, a apreciar a bela dança das palavras e a prestar atenção em seu sentido.
Ela foi uma das razões pelas quais eu quis estudar medicina. E não por exercer uma influência direta nesta decisão. Como sempre gostei muito das letras, acabava indo bem em sua matéria. E com isso, ganhei confiança para sonhar em passar no “vestibular mais difícil”. Antes, eu queria fazer letras ou comunicação social. E neste paradoxo, tracei um caminho curvilíneo do qual nunca me arrependi.
Na medicina, aprendi um pouco sobre a vida, sobre as pessoas e sobre histórias. E a partir disso, pude me aventurar a ter mais conteúdo para um dia, fazer o que mais gosto, ousar escrever. Devo isso em parte à querida Terezinha Araújo. Através deste texto lhe mando um beijo, minha admiração e meu muito obrigada.
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