Era sábado, um desses que poderiam ser como muitos outros, sem artes por perto. No entanto, ele não foi um qualquer. Desde seu início, pelas estradas de Minas Gerais, pude ir apreciando sua paisagem de inverno. Ora com a alegria de ver os ipês amarelos fazendo seu espetáculo e florindo o cerrado mineiro generosamente. Ora com profundo pesar de ver as queimadas que engolem essas matas com seu fogo sem piedade.
Saindo de Araxá/MG – Alto Paranaíba com destino a Lagoa da Prata/MG – Centro Oeste Mineiro, geograficamente falando. E, assim vou criando imagens? E é dessa construção feita pela literatura, essa que o escritor coloca no papel e o leitor dá seu contorno, pensando, criando e bordando delicadezas ou não, para aquilo que as letrinhas vão conduzindo. Nada pronto, nada dado como um ponto final, um texto é uma abertura para que cada mente do leitor, que é singular, construir o que a leitura provoca em seu ser. Aí está a potência da literatura – nessas letrinhas impressas, da inspiração do autor para a criatividade e apreensão vivencial do leitor.
Conforme Léo Paixão diz na contracapa do livro escrito por doze autores do Blog Mirante, do Portal UAI/Estado de Minas, com o sugestivo nome: Doze Horizontes, Um Mirante:
“Através da escrita e da leitura, não somente conectam-se duas pessoas, mas também dois momentos. Um livro é, por si só, a mais possível máquina do tempo.” Leo remete a esse encontro do escritor que projeta uma leitura futura e o leitor que está no passado da escrita. Além dessa conexão e interação, há naquilo que é escrito a construção de uma imagem do autor e a outra que é criada e construída pelo leitor. Ambas carregando as histórias de vidas, suas paisagens e relações diversas com os humanos e a natureza. Há momentos que esse encontro causa estranheza: mas o texto pode ser compreendido dessa maneira? E o escritor se interroga? Magias das letrinhas e suas interações.
Voltando ao precioso sábado. Meu destino específico era a FLIMG – Feira Literária de Martins Guimarães, Arte, Cultura, Mineiridade… Lagoa da Prata. Martins Guimarães é um distrito de Lagoa da Prata. Local onde a linha de ferro se faz presente rasgando o sossego do aprazível vilarejo. São inúmeros vagões transportando mercadorias que passam as margens das frondosas árvores. Elas, atualmente, acolhem ciclistas, caminhantes, motoqueiros, turistas e moradores para os múltiplos e diversos papos.
Fui convidada para participar da roda de conversa com escritores de Lagoa da Prata. Momento gratificante para todos os envolvidos com a arte e cultura da região. A iniciativa foi da Academia de Letras de Lagoa da Prata – ACADELP, que fez uma bela festa literária, regada a música de seresta, coral lírico, contação de estórias infantis, artesanato, danças, etc. Esse ano foi agregado o Primeiro Festival de Inverno de Lagoa da Prata, com gastronomia e mais música. Uma riqueza que merece aplausos e incentivos.
A escrita é solitária, mas seus efeitos são para o coletivo, assim tivemos esse regalo para nossas almas. Em contra partida das imagens de vídeos e fotos, o escritor segue interagindo com o leitor. E, nesse mundo a cocriação é feita no enlace do passado da escrita e o futuro da leitura e imaginação que pertence ao mundo do leitor. E, assim o escritor faz sua aposta de que vale a pena suas letrinhas voarem para o mundo.
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Isso mesmo. Arte, Cultura, mineiridade. Parabéns pela bela descrição da Festa Literária de Martins Guimarães.
Parabéns Sandra. Foi um enorme prazer desfrutar de sua agradabilíssima companhia.
Viajei com você no texto. E chegamos juntas ao mesmo lugar, um prazer enorme conhecer de novo essa mulher escritora. Te conhecia apenas da infância
Fiz essa viagem com vc, em seguida fui vendo e apreciando as belas imagens criadas nesse lindo texto! Me encantei com a feira literária de Martins Guimarães! Parabéns! Mais sucesso! Abraço
Obrigada.
Parabéns pela luta...pelo sucesso e pela garra e gana de alcançar estes feitos.... que o universo de Deus continue te abençoando....prata e ouro de uma comunidade denominada lagoa....