Às vezes, a razão tem mais a nos dizer do que o coração. Sim, pode parecer estranho pensar assim.
Essas inúmeras razões do coração que as próprias razões desconhecem, nos faz agir de forma eloquente. Inconsequente. A margem da moral. Vivendo na promessa do “se” e do amanhã. Embora, o meu prazer se concentra no frio na barriga e chama em fogo acesso que o “arriscar” me traz, se esse amanhã não chega, o atraso do café se torna sinônimo de desilusão.
Eu brinco com a sorte. Sim, cirando com ela. Vou andando nas entrelinhas, engatinhando em trilhos à espera da sorte. Gargalho na cara da razão. Digo sorte para não falar impulsão. Sentimento. Um impulso tão grande de viver, estar em meu corpo, ser e pertencer que bagunça a vida até da caricatura mais desalmada da terra.
Às vezes, me faço de impulso para não escutar a apatia da cidade. Outras vezes, a faço pelo meu tesão. E nessas duas medidas, o peso sempre recosta no ponto mais baixo da emancipação.
Um descompasso entre razão e coração. Meu coração chega a fazer roda de samba com a vida. Não há como alimentar na mesma medida.
Meu caro amigo, digo-lhe que a sorte não gosta de cirandar, não. Ela cansa. Você a atiça tanto até desvairar no vento. Virar uma corja.
E quando corja rebuliça, o tempo para. Há somente uma corda para entrelaçar: ser razão.
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