Vago na imensidão. Me pergunto se só penso ou se, de fato, vivo.
Queria ser poeta, mas poeta não consegui ser. Queria ser musicista, mas, a música permaneceu somente nas canções rabiscadas em linhas tortas. Queria militar e acabei me encontrando em silêncio.
Queria poder amar incondicional de uma forma tão leve e poder partir como dois animais. Queria caminhar no infinito para conhecer as preciosidades das minúsculas noites do recife. Queria me alimentar dos afetos despretensiosos que nos traz o sentido de viver. Queria ser tanta coisa e, no final, não fui nada.
Ser social. Na literatura, seres providos de razão. Na realidade, seres programados para viver, pois, se fosse racional, conseguiríamos alcançar tudo aquilo que gostaríamos de ser e pertencer.
É como um relógio em forma de gente. O “tic tac” da vida programa para fincarmos em espaços que, muitas das vezes, não gostaríamos de estar. Viver em sociedade as vezes, dói.
Nos programam para existir conforme os padrões éticos e morais de nossos antepassados. Assim como o “tic tac” do relógio, somos somente números substituíveis. Opaco. “Um buraco negro sem saída”, assim, pensamos. Mas, sei que somos muito maiores do que toda a negação. Nosso ser é somente mais um átomo entre tantos bilhões de um universo desconhecido. É necessário somente dizer para si: basta.
E quando achamos que não vai dar mais pé, a vida substitui a pele que já não nos cabem mais e dá um novo sentido a existência. Renascer de um orgasmo profundo. Criar um novo “eu” no descuido do basta! E no final, aprendi que não é sobre o que queríamos um dia ser, mas sim, o que a gente consegue ser naquele momento.
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