Tião é um gozador inveterado. Até nos momentos difíceis ele transforma tristeza em alegria. Outro dia ia caminhando serelepe pela avenida quando encontrou o amigo Serafim, que há anos não via.
– Há quanto tempo não vejo você, Serafim! Tá sumido, sô!
– Você é quem sumiu Tião. Parece até que você mudou de cidade…
– Que nada, estou por aí mesmo.
– Tião, tanto tempo que não vejo também o seu irmão Augusto. Ele continua fumando que nem Maria fumaça?
– Que nada, Serafim. O Augusto não fuma mais não.
– Uai, Augusto parou de fumar?
– Parou. Não fuma mais.
– Gozado. E eu que pensei que ele nunca ia parar de fumar…
– Pois você vê como é a vida, Serafim. Augusto parou mesmo de fumar.
– E beber? Ele continua bebendo?
– Também não. Parou até de beber, acredita?
– Não fuma e nem bebe, Tião? Então não deve estar fazendo aquele negócio também não.
– Também não. Parou de fumar, de beber e de outras coisas mais.
– Você tá é doido. O Augusto então está irreconhecível. E ele que vivia me falando que não mudava seu jeito, hein? Vai ver que ele nem trabalha mais…
– Parou de trabalhar. Augusto não trabalha mais. Na realidade, ele não faz mais nada.
– Agora ele fica só em casa?
– Não. Nem em casa ele fica mais.
– Pelo menos rueiro o Augusto continua. Vive batendo perna, né Tião?
– Também não. Augusto parou de vir na rua.
– Virgem Santa, mas eita homem que continua sistemático, hein?
– Até que não Serafim. O Augusto parou com aquelas cismas dele.
– O Augusto sempre foi muito inquieto. Imagino agora, ele aposentado, sem trabalhar e sem sair na rua. Deve estar uma pilha de nervos, com o estopim cada dia menor.
– Tá nada. Augusto está muito calmo.
– Ele ainda gosta de andar muito?
– Não. Vive deitado, quietinho. Nem se mexe.
– É, mas com a vitória do time no domingo e o título antecipado de campeão brasileiro, com certeza o Augusto fez a maior festa.
– Fez nada, Serafim. Ele não acompanha futebol mais não. E deixou de ser cruzeirense.
– Gente, você tá é ficando doido ou o Augusto mudou muito. Eu só acredito vendo. Será que eu o encontro em casa agora?
– Não. Ir lá é perder seu tempo. Você não vai encontrar o Augusto em casa.
– A que horas eu o encontro lá?
– Hora nenhuma.
– Não estou entendendo Tião. Eu estou falando é de seu irmão Augusto.
– Eu também estou falando é dele.
– Então como eu faço para falar com ele.
– Não tem jeito. O Augusto não fala mais.
– Afinal de contas, o que aconteceu com ele?
– Ele morreu – respondeu, enfim, o bem humorado Tião que, por pouco, não apanhou do Serafim.
Pintura: The Drinker, Erich Plontke, Oil on Canvas, 1910
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