A revista Veja – 14 de abril de 2022, publica o artigo de Amanda Capuano com o título “Positividade tóxica: os males de quando a felicidade se torna ditadura. Novamente a felicidade está em pauta, os excessos da indústria criada em sua busca. O alerta vermelho está aceso! Profissionais da saúde mental se preocupam com essa procura incessante e a oferta que surgiu nos últimos anos para alcançá-la. Junto a essa procura está a positividade tóxica – o sujeito pode conseguir tudo desde que seja positivo, “veja o lado positivo das coisas”.
Diante do discurso capitalista tudo se vende e atualmente tentam convencer o “cliente” que felicidade e bem estar podem ser adquiridos e basta você ter pensamento positivo e/ou “seguir um padrão de comportamento”. E a abrangência da indústria é grande, transita desde os medicamentos, passando por livros de auto-ajuda, desejos construídos pelas mídias, etc.
A reportagem aponta para pesquisa realizada em quarenta países e publicada na revista Nature que a pressão social para ser feliz está associada com a queda do bem-estar individual, principalmente em países com índices elevados de felicidade coletiva. Contudo também não esclarece como esse índice é medido.
Capuano discorre apontando que a positividade tóxica funciona na base do discurso motivacional. Esse regido pelo “veja o lado bom das coisas” onde o sofrimento e o encontro com o inesperado e aquilo que causa sofrimento deve ser desprezado. Psicanalista apontam que, o que é sintomático e do inconsciente retorna. Portanto, não é resolvido somente com pensamento positivo e da busca compulsiva por felicidade.
“Para denunciar essa epidemia de positividade forçada, o psicólogo dinamarquês Svend Brinkmann debruçou-se sobre o tema no livro Positividade Tóxica — Como Resistir à Sociedade do Otimismo Compulsivo.” Não li o livro, contudo é um tema para importante reflexão. E o autor deste best seller, também, alerta que nos tornamos estúpidos quando não nos permitimos falar das coisas que deram errado. O jargão divulgado socialmente de que pessoas só querem saber do que é bom e do sucesso está por aí e o que tudo indica com as comunicações em larga escala e propagando esse lado da vida não está surtindo bons resultados.
O livro de Edgar Cabanas e Eva Illouz Happycracia, traduzido para o português como: “A Ditadura da Felicidade: Fabricando Cidadãos Felizes também aponta para esse mercado. Segundo Cabanas para Veja: “A felicidade virou mercadoria. Coaching, mindfulness, livros de autoajuda, psicoterapia positiva e aplicativos para smartphones são apenas alguns exemplos de um mercado de 4,2 trilhões de dólares, e cresce 6,4% ao ano.”
A reportagem aponta que na virada do século XXI, a Amazon listava 300 títulos com a palavra “felicidade” e que atualmente são 2.000. E essa evolução também é vista em redes sociais.
Chamo atenção para dois significantes expostos pelos autores: fabricando e mercadoria.
Conforme eles indicam, a proposta é que os seres humanos sejam fabricados, tornem robozinhos adestrados em prol da tal felicidade e consomem esse sonho.
Proposta contrária da psicanálise que enxerga os sujeitos um a um. É sabido também que há algo de sofrimento para um bem-estar existir, ou seja, darmos conta de que somos seres de falta, de não completude e é ela que nos move para desejar e viver.
Se formos completos, plenos como alguns querem, não há motivo para mover a vida, pois a completude já é posta. Isso é a morte para os sujeitos!
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Excelente tópico!
Muito interessante esse ponto de vista ...
Parabéns!!!
Temos até "ideologia governamental" associado a esse engodo - uma política nefasta que nos massacra e induz mais uma vez a"fuga da realidade"...
Haja visto que querem vender a idëia de que ser uber ou entregador é ser empreendedor...