“Mise en place”. Esse é o segredo da cozinha. São aqueles preparos básicos que se deixa prontos com antecedência para, na hora da necessidade, lançar mão deles e agilizar o prato final. É o caldo de legumes caseiro, um molho, as verduras cortadas, as cenouras descascadas e picadas, a massa pré-cozida. Em português, a expressão quer dizer “colocar no lugar”. Deixar tudo à mão. Em um restaurante, ou mesmo quando a fome aperta, não há tempo para se começar a fazer uma refeição do zero. Daí a importância da ‘mise’. As etapas básicas já estarão lá, cumpridas. Para terminar, será só adicionar uma coisa à outra, finalizar no fogo, acertar o tempero e servir (ou comer) lindamente.
Com o tempo, percebi que isso vale também para outras situações da vida. Por exemplo, para quando preciso usar os músculos. Se aceito fazer uma trilha no fim de semana com minha amiga Dani, preciso ao menos ter treinado as pernas algum tempo antes. Aguentar a jornada não é fácil, já que a Dani é trilheira das profissas. Não dá para pular do sedentarismo diretamente para a terra vermelha, ou a câimbra será certa (quiçá um acidente…). Por esse motivo, entrei no pilates. E dia a dia venho fortalecendo aqueles que abraçaram a confortável flacidez por tanto tempo.
Do mesmo modo, é bom ter um vestido mais arrumado no armário porque, eventualmente, haverá um evento onde usá-lo. Não adianta sair para comprar sob pressão ou na base do desespero quando chegar um convite. Provavelmente, tudo estará caro e a moda daquela estação não será do seu agrado. Não é à toa que o clichê do ‘pretinho básico’ tem a sua importância. Deixo meu ‘vermelhinho coringão’ à minha espera e admito que já me salvou em inúmeros momentos.
Assim, fui aprendendo a seguir um preceito que uma vez ouvi e gostei muito: esteja preparada. Simples assim. É impossível preparar-se para tudo. Porém, ajuda demais já ter cumprido algumas etapas do caminho quando é necessário chegar a algum lugar. Isso vale para roupas, comidas, músculos e também para outras circunstâncias da vida. Não subestimar o futuro é um gesto de humildade. Estar minimamente preparado para aquilo que, intuitivamente ou pelo ciclo natural das coisas, pode acontecer.
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