Mergulho – Fonte: Pixabay
Daniela Piroli Cabral
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Estava escuro, era uma noite quente de lua cheia. Havia algumas nuvens no céu e uma brisa quase morna atravessava meu rosto. Eu estava à beira mar, em cima de uma rocha, que formava uma grande gruta, uma espécie de caverna nas águas marinhas. Eu estava sozinha e havia um profundo silêncio. O som das ondas e das águas batendo nas pedras ressoava dentro de mim.

Era esperado que eu sentisse medo ou me preocupasse em como sair dali. Mas não. Sentia um enorme prazer e um desejo de estar naquele lugar. Me sentia parte, observava o cenário e respirava fundo tentando incorporar, através do ar, toda aquela energia. Contemplativamente, fui invadida por uma grandiosa sensação de conforto e paz. Fechei os olhos e mergulhei. Pulei de cabeça naquelas águas.

Nadei como não nadava há anos, batendo os braços e pernas. Haviam muitos, muitos seres marinhos: grandes arraias brancas, peixes cinza que pareciam pacus, águas vivas transparentes e rosadas, pequenos cavalos marinhos. Senti cardumes inteiros passando perto de mim e pequenos peixes cor de neon que mordiscavam as minhas minhas pernas. 

Mergulhei novamente tentando alcançar o fundo, mas não consegui ir além porque a falta de ar me obrigou a retornar à superfície. Mas pude ver as grandes vegetações de algas marinhas que dançavam conforme o movimento das águas e também os imensos corais coloridos, apesar de todo breu da noite. A luz da lua iluminava tudo.

Comecei a boiar de barriga para cima, braços e pernas abertos. Sem tensão. O corpo em formato de estrela de 5 pontas, todo envolvido pela densidade fluida daquelas águas quase quentes. Os olhos também abertos olhando a lua.

Senti um grande relaxamento nesta posição e me mantive assim por alguns instantes, experimentando um misto de prazer e de integração. Os peixes de cor neon se aproximaram novamente e passaram por mim, deixando um rastro de sua cor no meu corpo. De repente, minha pele fora tatuada por listras e desenhos de tons reluzentes: rosa, verde e amarelo. Não me assustei, olhei admirada toda aquele brilho em mim. 

Acordei. O sonho havia terminado. Fechei novamente os olhos, querendo voltar para aquele cenário e aquela sensação corporal gostosa. Mas não consegui. O despertador tocou logo em seguida. Era hora de despertar.

*
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