É sempre muito engraçado perceber a surpresa no rosto das pessoas. Principalmente quando essa reação surge depois da minha resposta: “sim, eu namoro há cinco anos”. Não sei se as pessoas se espantam, porque é sempre esperado que um relacionamento de longa data esteja ocupando determinados lugares, agindo de determinada forma, ou porque se de maneira geral, nós passamos a desacreditar na construção de um relacionamento.
Bom, meus caros, não trago nenhuma novidade. Estar com alguém não é fácil. Particularmente, comecei minha história com o Diego em 2017, o ano que a discussão LGBTQIA+ explodia na internet. Mas, apesar das réplicas eloquentes no Twitter sobre representatividade, na vida fora das redes caminhávamos em passos lentos, quase parando. Não só porque foi difícil se enxergar no mundo, mas porque eu achava que entendia o que era amar, e como eu deveria fazer isso.
De 2017 para 2022, muita coisa aconteceu. Dentre várias situações que passamos, se dispor ao amor, em todas elas, foi uma escolha que ninguém nunca nos alertou da complexidade, ou melhor, me alertou. Apesar das problematizações constantes ao amor romântico, não sei quais caminhos os nossos cérebros podem recorrer para construir uma relação romântica. E fica mais embaraçoso se seu relacionamento foge dos moldes da Bela Adormecida, isso porque é sempre mais complexo que a gente imagina. E, ao mesmo tempo, pode ser fácil.
Quando se escolhe encarar o amor na realidade, você percebe que às vezes não tem carruagem, beijo do príncipe que te salve, fera que se amanse, ou tapete mágico que te ofereça uma fuga da realidade. Construir uma relação é, também, uma jornada árdua em entender que você e suas necessidades não são o Norte para guiar o resto do mundo. É reavaliar seu cansaço, sua postura, suas ações, vestir a sandália da humildade, confiar, dizer não, entender que só o amor não é suficiente.
Escrevo esse texto por duas razões: a primeira, porque comemoro aniversário de namoro com uma pessoa especial. Especial ao ponto de me ensinar, todos os dias, em gestos de gentileza e ingenuidade, que o amor é bom, leve e pode nos salvar. Segundo, porque não sei se vocês estão preparados para amar o mesmo tanto que desejam ser amados. Não que eu já saiba o que é o amor, mas o que vendem por aí está longe de ser.
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