Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma ideia vale uma vida
No apagar das luzes de um ano em que as luzes pouco se acenderam, eu ouço os Titãs e penso em quantas vezes esse rock nacional me salvou de mim mesma. Embaralho as cartas, puxo um 10 de Espadas e descubro que até o tarot já me condenou a um fundo de poço que, dizem, tem mola, mas eu ainda não encontrei. Tenho vontade de fechar os olhos e adormecer o sono dos ursos, enquanto a cidade se ilumina para um Natal mascarado e algo melancólico, que as canções do trenzinho da alegria, o comércio opressivo dos shoppings centers e o título de campeão do Galo às vezes tentam enfeitar.
Não tenho vontade de ir ao mercado para comprar lentilhas, rosas brancas para o banho de ano novo, nem mesmo romãs para a prosperidade. Eu, que sempre gostei de me preparar para o revéillon, certa de que os ares de janeiro eram capazes de borrifar esperança com a proximidade do meu aniversário, me convenci de que tudo são besteiras que a gente inventa para suportar a impossibilidade de tornar as coisas verdadeiramente melhores. “Afinal, é um ano todo só de sexta-feira 13”, né Emicida?
Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós algo de uma criança
O nome dela é Dora. E é ela quem invade o quarto e me dá um abraço para mostrar que, enquanto houver sol, a gente segue e não desiste. Dora é o meu sol particular. A força que eu encontro para não desistir. Uma vez, há muitos anos, quando a maternidade era apenas um desejo, eu perguntei a um amigo qual era a coisa mais difícil de ser pai. “É que você não pode desistir”, ele me respondeu. Assustada, naquela época eu não imaginava que essa seria também a coisa mais fascinante das maternidades e paternidades: ter um sol particular, que jamais permitirá que você desista.
Então levanta e anda, vai
Levanta e anda
Vai, levanta e anda
Sim, Emicida sempre invade a minha playlist. E também me salva. Em três dias será noite de Natal. Desejo a cada um de vocês, que sobreviveram a este ano desafiador para todos em conjunto e para cada um em particular, que o sol da Dora, da Rosa, do Bernardo, do Felipe, do Rafael, da Alana, da Luiza, do Tomás, da Duda, do Pedro, e de tantas outras criaturinhas que nos fazem querer construir um futuro melhor, ilumine o céu sobre as nossas cabeças e nos faça seguir. Não sei dizer com convicção, mas desconfio que se existe mesmo um “espírito do Natal”, ele está nessas pessoinhas que ainda olham para o céu na esperança de que haja um Papai Noel voando de trenó e espalhando o amor por aí. Sigamos com eles, pois.
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