Reprodução/Pixabay

Quando finalmente estiquei as pernas no sofá e sorvi um gole de chá, aconteceu o inesperado. Um barulho seco do lado de fora, precedido de um clarão de queimar os olhos.

A princípio, tentei fingir que nada daquilo acontecia e segui apreciando o aroma quente da erva cidreira. Até que a televisão saiu do ar, a luz do abajur piscou duas vezes e o clarão voltou a tomar conta da sala, como uma explosão de cores desconhecidas.

De repente, a noite virou dia, e fui até a janela esperando ver o fim dos mundos. Foi quando vi algo bem pior.

No meio do jardim, havia uma cratera. Dentro dela, um objeto emanava a luz peculiar que ofuscava os meus olhos. Não fazia barulho. Não fazia fumaça. Apenas brilhava como um pedacinho do sol enterrado no meu jardim.

Perplexo, calcei os chinelos, empunhei a espingarda e fui defender a minha propriedade de possíveis invasores alienígenas.

Na medida em que eu ia me aproximando, a luz se arrefecia, como se percebesse a minha presença. Então a claridade se apagou completamente. Só quando a noite voltou a ser escura como breu que me dei conta de que precisaria da lanterna que eu guardava no armário da sala. Fui correndo pegá-la.

Eu estava quase alcançando a porta de casa quando escutei alguém chamando o meu nome. Não era bem uma voz, mas uma sensação. Um pensamento chamando pelo meu nome.

Inconscientemente, virei em direção ao jardim e avistei a coisa mais estranha que os meus olhos ousaram enxergar. Diante de mim, erguiam-se três criaturas de longas pernas e braços, o que pareciam formar uma espécie de família oriunda de cosmos distantes e desconhecidos. Ao pé de um deles, o maior deles, que parecia ser o chefe daquela improvável família, havia uma enorme caixa metálica, provavelmente, contendo os seus pertences.

Naquele instante, percebi que não se tratava de uma invasão alienígena no meu jardim, mas, sim, de uma visita.

Guilherme Scarpellini

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